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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO MINEIRA
Ex-secretário diz que Eduardo Azeredo gastou mais de R$ 20 mi, mas ele só declarou R$ 8,5 mi
Ação de ex-tesoureiro indica caixa 2 em campanha tucana
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-tesoureiro da campanha
de Eduardo Azeredo ao governo
de Minas Gerais, em 1998, Cláudio Roberto Mourão da Silveira,
declarou em uma ação judicial
que a campanha custou mais de
R$ 20 milhões.
A cifra é muito maior do que a
despesa admitida oficialmente
pelo senador Azeredo, presidente
nacional do PSDB, que sustenta
ter gasto R$ 8,5 milhões na tentativa de se reeleger governador de
Minas. Ele perdeu a disputa para
o ex-presidente Itamar Franco.
Em novembro do ano passado,
Cláudio Mourão entrou com ação
de indenização por danos morais
contra Eduardo Azeredo e o empresário Clésio Andrade, candidato a vice-governador na chapa
de Azeredo, em 98.
Por envolver um senador, a
ação foi impetrada no STF (Supremo Tribunal Federal). Mourão pediu indenização de R$ 3,5
milhões, alegando que contraiu
dívidas para cobrir gastos da campanha, que teriam levado sua família à derrocada financeira.
O relator do pedido, ministro
Gilmar Mendes, considerou que a
reclamação não é matéria para o
STF, mas o processo ainda não foi
encerrado.
O senador e ex-governador de
Minas Eduardo Azeredo não quis
comentar a iniciativa de Mourão,
alegando que não foi notificado
sobre a reclamação. Também não
quis comentar a informação de
que os gastos da campanha teriam superado R$ 20 milhões.
Clésio Andrade, atual vice-governador de Minas, também alegou que não foi notificado e não
quis comentar o caso.
O ex-tesoureiro conta, na ação,
que era secretário de Recursos
Humanos e Administração do governo Azeredo (1995-1998) e que
deixou o cargo em julho de 1998
para assumir a coordenação administrativa e financeira da campanha eleitoral.
Disse que, devido à falta de recursos inicial, comprou 98 carros
(95 zero-quilômetro e três usados) por intermédio da Locadora
de Automóveis União, pertencente a seu filho. A compra, segundo
ele, totalizou R$ 1,638 milhão.
""No epílogo da campanha, existia uma dívida de mais de R$ 20
milhões que seria quitada com
pagamentos de terceiros", diz ele
na ação.
O partido teria conseguido levantar o dinheiro em dezembro
de 98, mas, nesse meio tempo, vários credores teriam sido pagos
com carros da locadora do filho
de Mourão. Além disso, restaram
débitos em nome da locadora que
não teriam sido saldados.
O ex-tesoureiro apresentou ao
STF uma procuração, assinada
por Azeredo em 1998, dando-lhe
poderes para administrar a campanha.
Disse que contraiu dívidas em
razão da campanha que acabaram por liquidar o patrimônio de
sua família. A locadora, segundo
ele, perdeu os 25 carros que possuía, e a família sofreu várias
ações judiciais de execução de dívidas.
Valério
O publicitário Marcos Valério,
segundo a Folha revelou na edição da última sexta-feira, foi avalista de um empréstimo de mais
de R$ 200 mil de Cláudio Mourão
no Banco Rural, em 2001, quando
o ex-tesoureiro já estava em dificuldade financeira. Mourão não
quitou o financiamento, que foi
cobrado judicialmente pelo Rural. Quando a ação começou, em
junho de 2002, a dívida já estava
em R$ 284,7 mil.
A ação correu na 12ª Vara Cível,
de Belo Horizonte. Em outubro
de 2003, as partes fizeram acordo.
O empresário Cristiano Paz, sócio
de Marcos Valério, disse acreditar
que a dívida tenha sido quitada
pelo publicitário.
Sumiço
Desde que foi revelada a existência de um esquema paralelo de
financiamento na campanha de
Azeredo, em 1998, a Folha tenta
localizar Cláudio Mourão, sem
sucesso. Seus advogados na petição no STF não quiseram comentar a ação, nem informaram o paradeiro do cliente.
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