São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

CPI x Aeronáutica

A Aeronáutica ficou contrariada com a sessão pública promovida pela CPI para reproduzir a transcrição dos diálogos da caixa-preta do avião da TAM. Durante reunião reservada posterior à divulgação dos dados, o brigadeiro Jorge Kersul, que comanda as investigações, afirmou que a ação dos deputados pode resultar no rebaixamento do Brasil por agências internacionais de aviação. Manifestou ainda outro receio: "Se eu fosse piloto, passaria a me comunicar com o co-piloto por pranchetas". Kersul pediu para não ser convocado de novo até o fim das apurações -a CPI queria ouvi-lo na próxima semana. "Me deixem trabalhar!", falou. O comandante da FAB, Juniti Saito, disse a auxiliares que ontem foi um dia "mórbido" para a aviação brasileira e que os deputados "humilharam" Kersul.

Drama. Na sessão secreta, Kersul disse que não houve como corrigir o pouso do Airbus. A cada constatação de falha indicada pelo diálogo, perdeu-se "mais um tempinho, mais um pedaço de pista".

The book... Antes de nomearem Rocha Loures (PMDB-PR) e Luciana Genro (PSOL-RS) como tradutores dos diálogos da caixa-preta, os deputados da CPI quase arrancaram os cabelos.

... is on the table. "É bom os deputados se prepararem", recomendou o próprio Loures. "Tragam uns dicionários", pediu um parlamentar.

Sinal verde. Em reunião da coordenação política, Lula se manifestou a favor da abertura de capital da Infraero. Usou a Petrobras como exemplo bem-sucedido do modelo.

Caso à parte. Nelson Jobim defende que a Anac seja regida por legislação diferente da aplicada às demais agências. Quer ainda fazer valer a regra, até hoje ignorada, que exige dos diretores conhecimento técnico específico.

Prioridades 1. A restrição ao pouso de jatos em Congonhas não vale para as aeronaves da FAB a serviço dos ministros. Ontem, um desses jatinhos desceu no aeroporto.

Prioridades 2. Na terça, um avião da Gol que pousava em Cuiabá teve de arremeter. A ordem da torre para descer foi mudada para que decolasse um avião da FAB, da missão precursora à visita de Lula.

Esta pode? Depois de barrarem investigações sobre a máfia da CDHU, deputados estaduais tucanos começaram a colher assinaturas para instalar a CPI do Apagão Aéreo na Assembléia paulista. Se a idéia vingar, o tema será alvo de três comissões -Câmara e Senado já têm as suas.

Só ônus. Do secretário estadual da Cultura, João Sayad, durante seminário sobre Organizações Sociais ontem em SP: "São 14 OSs na minha secretaria. Não tenho controle nenhum sobre elas. É como o Ministério da Fazenda com o Banco Central: paga todas as contas e não manda nada".

Em branco. A Polícia Federal deve deixar de responder alguns dos quesitos formulados pelo Conselho de Ética do Senado na nova perícia sobre o caso Renan Calheiros (PMDB-AL). A PF considera que algumas questões violam o princípio constitucional segundo o qual parlamentares só podem ser investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal.

Estica-e-puxa. Passado o "round" da criação do piso salarial para policiais, Tarso Genro (Justiça) tenta convencer a equipe econômica a autorizar a conta das demais ações do Pronasci, o PAC da Segurança. O valor dos demais programas, sem considerar a Bolsa Formação, foi fechado em R$ 900 milhões.

Combustível. O Planalto pretende mudar a legislação a fim de acelerar a concessão de licenças ambientais para a realização de dragagens nos portos, o que ampliaria a capacidade de alguns deles de receber embarcações. A medida deve reacender o litígio entre Lula e ambientalistas.

Tiroteio

"Duzentos mortos, pista inadequada, avião com defeito. Uma medalha enfeita o peito de quem não fiscalizou. O presidente lê um texto para dizer que está triste. Sua filósofa fala em "golpe". Golpeado está quem é honesto neste país."


Do médico MAURÍCIO PEREIRA, pai da estudante de medicina Mariana, 22, passageira do avião da TAM acidentado em Congonhas.

Contraponto

Olha eu aqui

Pouco antes do início dos depoimentos à CPI do Apagão Aéreo, anteontem, os deputados receberam a notícia de que Luiz Paulo Conde seria mesmo instalado na presidência de Furnas, após muita insistência do PMDB do Rio.
Ligado a esse grupo, embora filiado ao PTC de Minas, Carlos Willian agitou-se e passou a olhar fixamente para o aliado e "pai" da indicação, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que naquele momento presidia a sessão.
Sem conseguir contato visual, Willian virou-se para o colega André Vargas (PT-PR) e comentou, ansioso:
-Não é possível! Não posso acreditar que o Eduardo não vai dar nem um sorrisinho para mim!


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