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FAB apresenta a Jobim avaliação de caças
Ministro da Defesa recebe nesta semana relatório sobre aviões que disputam concorrência que pode custar entre R$ 4 bi e R$ 8 bi
Nenhum dos 3 competidores deve ser reprovado; Força Aérea apresentará prós e contras e, talvez, faça uma classificação por pontos
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) recebe nesta semana o
relatório da Força Aérea sobre
a seleção do novo avião de caça
que o Brasil deverá operar nas
próximas décadas.
O negócio, que pode custar
entre R$ 4 bilhões e mais que o
dobro disso, é um dos mais vistosos no programa de reequipamento militar do país -estimado em mais de R$ 30 bilhões
a serem financiados por cerca
de dez anos. Em termos comparativos, as propaladas compras do venezuelano Hugo
Chávez na Rússia não passaram ainda dos R$ 8 bilhões.
Se o quesito da decisão for
apenas preço, o favorito de Jobim na disputa, o francês Dassault Rafale, terá problemas.
Segundo a Folha apurou, a
oferta francesa foi significativamente reduzida nas discussões finais, mas o avião manteve sua fama de caro -custando
mais do que o dobro do que o
sueco Gripen NG (da Saab).
Preços são difíceis de estabelecer na aviação militar. Tudo
depende do pacote de armamentos, logística e suporte por
ao menos cinco anos. A estimativa de envolvidos no processo
é que o Rafale tenha saído unitariamente por algo em torno
de R$ 263 milhões. O Gripen,
cerca de R$ 132 milhões, e
americano F-18 Super Hornet
(Boeing), R$ 188 milhões.
Como são 36 aviões para entrega a partir de 2014, o custo
superaria os R$ 10 bilhões no
caso do Rafale. Mas não é só dinheiro que está em jogo.
A Defesa preconiza a ideia de
parceria estratégica. Elegeu a
França para tal, tendo costurado um acordo militar polêmico
de cerca de R$ 23 bilhões para a
compra de submarinos convencionais, desenvolvimento
de um modelo nuclear e helicópteros de transporte.
Os defensores dessa parceria
acreditam que a confiança mútua aumentaria a sinergia na
hora de transferir tecnologia,
ponto central da concorrência
F-X2, como a compra dos
aviões é chamada. A FAB exigiu
uma contrapartida de transferência de tecnologia e compensações comerciais equivalente
ao valor do contrato.
Contra a parceria, pesam
duas coisas. Primeiro, o país se
torna dependente do outro. Segundo, os franceses não têm
boa fama na hora de transferir
tecnologia: a experiência francesa como acionista da Embraer, no início da década, é
considerada um fracasso, e a
Índia reclama do processo de
integração dos submarinos que
comprou da França.
Contra o Gripen, pesa o fato
de ele ser um avião mais leve,
monomotor, e de ser um modelo inexistente -o NG é uma
variante de demonstração sobre duas gerações anteriores
do caça. Ter uma turbina o faz
mais barato de operar, contudo, e os motores atuais são potentes o suficiente para as necessidades dos militares.
Mas piloto de caça gosta de
avião maior e mais potente. Assim, além do também biturbina
Rafale, o F-18 americano entra
como produto tentador para a
FAB. O preço ofertado, devido
à grande escala industrial do
avião (há mais de 350 voando),
o tornou uma surpresa na competição. Só que pesa contra ele
seu país de origem: os militares
brasileiros temem o risco de
vetos futuros à transferência
de tecnologia e consideram o
F-18 um produto fechado, do
qual aprenderiam pouco.
A FAB não deverá reprovar
liminarmente nenhum dos
competidores. Irá apresentar
em seu relatório os pontos pró
e contra de cada um deles e, talvez, fazer uma classificação por
pontos. Mas não deverá forçar
uma solução, segundo a Folha
ouviu de militares e de pessoas
envolvidas no processo nas últimas semanas.
Rumo à aposentadoria, o comandante Juniti Saito quer
pôr fim à novela que começou
em 2001, quando o F-X foi lançado, para ser suspenso em
2003 e cancelado em 2005.
Vetar o Rafale, hipoteticamente, colocaria Jobim numa
situação difícil e estimularia
mais protelação na disputa. Se
entrar em 2010, o negócio não
sai no governo Lula. Isso significa que os franceses já ganharam? Não, uma vez que tudo
dependerá das colocações da
FAB em seu relatório.
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