São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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FORÇAS ARMADAS

Corte no Orçamento atinge comemoração da Independência; militares planejam manifestar insatisfação

Falta de verba desfalca até desfile militar

SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os caças Mirage da Força Aérea Brasileira não cruzarão os céus de Brasília durante o desfile de Sete de Setembro, que comemora a Independência do Brasil.
As aeronaves vão deixar de se apresentar pela primeira vez em muitos anos. O número de soldados e de equipamentos e veículos bélicos no desfile também será reduzido. Esses são os efeitos dos cortes no orçamento das Forças Armadas. A redução de quase metade do orçamento previsto para este ano, que causou a dispensa antecipada de 44 mil recrutas, agora alcança os eventos organizados pelos militares.
Segundo a Folha apurou, as Forças Armadas vão aproveitar o desfile para mais uma vez revelar sua insatisfação com cortes, desta vez em uma ocasião que contará com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O orçamento para o Ministério da Defesa, que compreende os comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica, previa para 2002 a liberação de R$ 5,224 bilhões. Mas o aperto nas contas públicas impôs corte de R$ 2,175 bilhões.
Os caças Mirage se apresentaram em festas pela última vez na comemoração do pentacampeonato conquistado pela seleção brasileira. Os Mirage escoltaram o avião da seleção antes do pouso na Base Aérea de Brasília.

Uso restrito
Depois disso, o uso das aeronaves ficou restrito às operações militares, devido ao alto custo do uso dos caças. No domingo passado, a comemoração do Dia do Soldado, a principal festa do Exército, foi uma espécie de prévia do que acontecerá no Sete de Setembro.
A festa foi comedida, e o desfile da tropa e o coquetel para os oficiais foram cancelados. Durante o evento, o comandante do Exército, general Gleuber Vieira, disse que as limitações financeiras são cíclicas e obrigam o Exército a reformular, com muito sacrifício, os equilibrados planejamentos.
O general criticou "a pequenez de uma visão estratégica, incapaz de valorizar, em justa medida, a expressão militar do poder em harmonia com os demais campos, condição inerente ao peso geopolítico do país".

Desfile curto
Ao contrário dos últimos anos, o desfile de Sete de Setembro será curto e não contará com equipamentos e contingente de todos os comandos militares. Nos anos anteriores, tropas de várias regiões do Brasil participaram.
Dessa vez, os deslocamentos de soldados ficarão limitados aos quartéis mais próximos do Distrito Federal. O CMP (Comando Militar do Planalto), responsável pela organização do desfile, não informou o número exato de soldados e veículos que tomarão parte na festa por ainda estar confirmando as participações, mas adiantou que serão poucos e em número bem menor em relação aos anos anteriores.
O CMP vai aproveitar no desfile alguns veículos bélicos que já foram deslocados para a região próxima a Brasília para realizar exercícios militares, mas, além disso, poucas unidades deverão ceder tanques e jipes.
Da Marinha, por exemplo, somente algumas unidades, como a banda de Fuzileiros Navais da Marinha, sairão do quartel para participar do evento.
Os cortes no orçamento já levaram os militares a reduzir o horário de expediente, suspender a manutenção de equipamentos, cortar benefícios e atrasar investimentos considerados estratégicos, como o programa nuclear e o de construção de corvetas.


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