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FORÇAS ARMADAS
Corte no Orçamento atinge comemoração da Independência; militares planejam manifestar insatisfação
Falta de verba desfalca até desfile militar
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os caças Mirage da Força Aérea
Brasileira não cruzarão os céus de
Brasília durante o desfile de Sete
de Setembro, que comemora a Independência do Brasil.
As aeronaves vão deixar de se
apresentar pela primeira vez em
muitos anos. O número de soldados e de equipamentos e veículos
bélicos no desfile também será reduzido. Esses são os efeitos dos
cortes no orçamento das Forças
Armadas. A redução de quase
metade do orçamento previsto
para este ano, que causou a dispensa antecipada de 44 mil recrutas, agora alcança os eventos organizados pelos militares.
Segundo a Folha apurou, as
Forças Armadas vão aproveitar o
desfile para mais uma vez revelar
sua insatisfação com cortes, desta
vez em uma ocasião que contará
com a presença do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O orçamento para o Ministério
da Defesa, que compreende os comandos do Exército, Marinha e
Aeronáutica, previa para 2002 a liberação de R$ 5,224 bilhões. Mas
o aperto nas contas públicas impôs corte de R$ 2,175 bilhões.
Os caças Mirage se apresentaram em festas pela última vez na
comemoração do pentacampeonato conquistado pela seleção
brasileira. Os Mirage escoltaram o
avião da seleção antes do pouso
na Base Aérea de Brasília.
Uso restrito
Depois disso, o uso das aeronaves ficou restrito às operações militares, devido ao alto custo do uso
dos caças. No domingo passado, a
comemoração do Dia do Soldado,
a principal festa do Exército, foi
uma espécie de prévia do que
acontecerá no Sete de Setembro.
A festa foi comedida, e o desfile
da tropa e o coquetel para os oficiais foram cancelados. Durante o
evento, o comandante do Exército, general Gleuber Vieira, disse
que as limitações financeiras são
cíclicas e obrigam o Exército a reformular, com muito sacrifício, os
equilibrados planejamentos.
O general criticou "a pequenez
de uma visão estratégica, incapaz
de valorizar, em justa medida, a
expressão militar do poder em
harmonia com os demais campos, condição inerente ao peso
geopolítico do país".
Desfile curto
Ao contrário dos últimos anos,
o desfile de Sete de Setembro será
curto e não contará com equipamentos e contingente de todos os
comandos militares. Nos anos anteriores, tropas de várias regiões
do Brasil participaram.
Dessa vez, os deslocamentos de
soldados ficarão limitados aos
quartéis mais próximos do Distrito Federal. O CMP (Comando Militar do Planalto), responsável pela organização do desfile, não informou o número exato de soldados e veículos que tomarão parte
na festa por ainda estar confirmando as participações, mas
adiantou que serão poucos e em
número bem menor em relação
aos anos anteriores.
O CMP vai aproveitar no desfile
alguns veículos bélicos que já foram deslocados para a região próxima a Brasília para realizar exercícios militares, mas, além disso,
poucas unidades deverão ceder
tanques e jipes.
Da Marinha, por exemplo, somente algumas unidades, como a
banda de Fuzileiros Navais da
Marinha, sairão do quartel para
participar do evento.
Os cortes no orçamento já levaram os militares a reduzir o horário de expediente, suspender a
manutenção de equipamentos,
cortar benefícios e atrasar investimentos considerados estratégicos, como o programa nuclear e o
de construção de corvetas.
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