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PT SOB SUSPEITA
Diligências de comissão sobre suposto esquema de extorsão de empresários em Santo André terminam na sexta
Empresários farão única acareação de CPI
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os empresários do setor de
transporte público Rosangela Gabrilli e Ronan Maria Pinto serão
protagonistas hoje da única acareação proposta pela CPI criada
em Santo André para apurar um
suposto esquema de extorsão para financiar campanhas do PT.
Na prática, mesmo sob a possibilidade de surgirem novas contradições e denúncias, a acareação, marcada para as 14h30, já
nasceu desacreditada. Porque:
1) Os cinco vereadores da CPI,
todos da base de sustentação do
prefeito João Avamileno (PT), já
avisaram que não há possibilidade de a CPI se estender além do
dia 18 de setembro. Segundo eles,
as diligências serão encerradas
nesta sexta-feira a fim de haver
tempo suficiente para a elaboração do relatório final;
2) Sem tempo para propor focos
diferentes, os parlamentares sabem que seu material de investigação, em princípio, não será
aproveitado pelo Ministério Público, pelo fato de a Justiça já ter
aceitado a denúncia dos promotores contra os mentores de uma
suposta máfia da propina;
3) Dizendo-se baseado em decisão do ministro Nelson Jobim
(STF) que impediu investigação
do presidente nacional petista, José Dirceu (que nega ter sido o receptor final da suposta propina),
o próprio presidente da CPI, vereador Antonio Leite (PT), disse
que não pode trabalhar com denúncias baseadas no "ouvi dizer".
Rosangela, sócia da Expresso
Guarará, disse ao Ministério Público e à CPI que sua empresa era
obrigada a pagar mensalmente
propina a pessoas ligadas à administração da cidade. E acusou Ronan, sócio da Expresso Nova Santo André, de ser o receptor final
da cifra -calculada pelos promotores em cerca de R$ 2 milhões.
Ronan, que nega as denúncias, é
acusado pela Promotoria de chefiar um esquema de propina na cidade, ao lado do empresário Sérgio Gomes da Silva, do vereador
Klinger Luiz de Oliveira Souza
(PT), secretário afastado de Serviços Municipais, e de outros três.
Nesta ação, a primeira de uma
série, todos são acusados de formação de quadrilha e extorsão.
Na última sexta, Sérgio Gomes
-que dirigia o carro quando o
prefeito assassinado Celso Daniel
(PT) foi sequestrado, em janeiro- Ronan e outro empresário
acusado pediram no TJ (Tribunal
de Justiça) de São Paulo anulação
do processo criminal.
Desde a morte de Celso Daniel,
a Promotoria já ofereceu três
ações criminais e quatro cíveis
por improbidade administrativa
(má gestão pública) contra funcionários da Prefeitura de Santo
André. E foram denunciadas 29
pessoas na esfera penal.
Outras acareações
Depois de 21 depoimentos e
uma série de contradições, os vereadores da CPI decidiram não
promover uma acareação entre o
médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado, e o
assessor da campanha presidencial petista, Gilberto Carvalho, ex-secretário de Governo da cidade.
À CPI, João Francisco disse que
tomou conhecimento do suposto
esquema de propina durante uma
conversa com Gilberto, que nega
a acusação. Ambos disseram à
Folha, na semana passada, estarem dispostos a fazer a acareação.
Outra acareação deixada de lado pelo vereadores é a do empresário Sebastião Passarelli, sócio da
família Gabrilli, com Ronan e Sérgio Gomes. À comissão, Passarelli
disse que entregou um "pacote de
dinheiro" a Ronan, depois de tê-lo mostrado a Sérgio. Ambos negaram a acusação.
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