São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT SOB SUSPEITA

Diligências de comissão sobre suposto esquema de extorsão de empresários em Santo André terminam na sexta

Empresários farão única acareação de CPI

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os empresários do setor de transporte público Rosangela Gabrilli e Ronan Maria Pinto serão protagonistas hoje da única acareação proposta pela CPI criada em Santo André para apurar um suposto esquema de extorsão para financiar campanhas do PT.
Na prática, mesmo sob a possibilidade de surgirem novas contradições e denúncias, a acareação, marcada para as 14h30, já nasceu desacreditada. Porque:
1) Os cinco vereadores da CPI, todos da base de sustentação do prefeito João Avamileno (PT), já avisaram que não há possibilidade de a CPI se estender além do dia 18 de setembro. Segundo eles, as diligências serão encerradas nesta sexta-feira a fim de haver tempo suficiente para a elaboração do relatório final;
2) Sem tempo para propor focos diferentes, os parlamentares sabem que seu material de investigação, em princípio, não será aproveitado pelo Ministério Público, pelo fato de a Justiça já ter aceitado a denúncia dos promotores contra os mentores de uma suposta máfia da propina;
3) Dizendo-se baseado em decisão do ministro Nelson Jobim (STF) que impediu investigação do presidente nacional petista, José Dirceu (que nega ter sido o receptor final da suposta propina), o próprio presidente da CPI, vereador Antonio Leite (PT), disse que não pode trabalhar com denúncias baseadas no "ouvi dizer".
Rosangela, sócia da Expresso Guarará, disse ao Ministério Público e à CPI que sua empresa era obrigada a pagar mensalmente propina a pessoas ligadas à administração da cidade. E acusou Ronan, sócio da Expresso Nova Santo André, de ser o receptor final da cifra -calculada pelos promotores em cerca de R$ 2 milhões.
Ronan, que nega as denúncias, é acusado pela Promotoria de chefiar um esquema de propina na cidade, ao lado do empresário Sérgio Gomes da Silva, do vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), secretário afastado de Serviços Municipais, e de outros três.
Nesta ação, a primeira de uma série, todos são acusados de formação de quadrilha e extorsão. Na última sexta, Sérgio Gomes -que dirigia o carro quando o prefeito assassinado Celso Daniel (PT) foi sequestrado, em janeiro- Ronan e outro empresário acusado pediram no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo anulação do processo criminal.
Desde a morte de Celso Daniel, a Promotoria já ofereceu três ações criminais e quatro cíveis por improbidade administrativa (má gestão pública) contra funcionários da Prefeitura de Santo André. E foram denunciadas 29 pessoas na esfera penal.

Outras acareações
Depois de 21 depoimentos e uma série de contradições, os vereadores da CPI decidiram não promover uma acareação entre o médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado, e o assessor da campanha presidencial petista, Gilberto Carvalho, ex-secretário de Governo da cidade.
À CPI, João Francisco disse que tomou conhecimento do suposto esquema de propina durante uma conversa com Gilberto, que nega a acusação. Ambos disseram à Folha, na semana passada, estarem dispostos a fazer a acareação.
Outra acareação deixada de lado pelo vereadores é a do empresário Sebastião Passarelli, sócio da família Gabrilli, com Ronan e Sérgio Gomes. À comissão, Passarelli disse que entregou um "pacote de dinheiro" a Ronan, depois de tê-lo mostrado a Sérgio. Ambos negaram a acusação.


Texto Anterior: Forças Armadas: Falta de verba desfalca até desfile militar
Próximo Texto:

ELEIÇÕES 2002/PRESIDENTE
"Perdemos o 1º round", admite Frente sobre a queda de Ciro

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.