São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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ELEIÇÕES 2002/PRESIDENTE

Além de ataques ao governo, Lula, tachado de traidor dos trabalhadores, será o novo alvo

"Perdemos o 1º round", admite Frente sobre a queda de Ciro

Jefferson Bernardes/Preview.com
Ciro Gomes, sua mulher, Patrícia Pillar, e Leonel Brizola (dir.), presidente nacional do PDT, comem churrasco em exposição agropecuária em Esteio (RS), ontem


GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Após avaliar o resultado da pesquisa Datafolha, divulgada anteontem- que mostra que o presidenciável Ciro Gomes (PPS) perdeu sete pontos percentuais das intenções de voto e está empatado tecnicamente com José Serra (PSDB) em segundo-, o comando da campanha da Frente Trabalhista (PDT-PTB-PPS) admitiu ter perdido o "primeiro round" da disputa para o tucano.
"Perdemos o primeiro round", afirmou o deputado federal João Herrmann (PPS), um dos coordenadores da campanha de Ciro. "O primeiro ataque eles ganharam." O senador Roberto Freire (PPS-PE), presidente do partido, reconheceu que "este é um bom momento para Serra".
As declarações foram feitas após o velório de Salomão Malina - presidente de honra do PPS- ocorrido ontem de manhã, em São Paulo. Ciro, que estava na cerimônia, não quis falar sobre a pesquisa ontem.
Anteontem à noite, em Montes Claros (MG), afirmou: "Pesquisa no Brasil tem baixo índice de confiabilidade. Porque há tanto problemas metodológicos quanto engajamento dos institutos -a maioria deles- com os comitês eleitorais. A prova maior disso são as oscilações a que temos assistido, o que quer dizer que para nós continua a necessidade estratégica de usar este momento para trabalhar".

"Ataque surpresa"
Herrmann e Freire atribuíram a perda do "primeiro round" a três fatores. Primeiro: Serra não teria se identificado como candidato do governo. Segundo: o uso da geração de emprego como bandeira da campanha tucana -os ciristas não esperavam que o desemprego, para eles uma das maiores mazelas do governo, virasse "garoto-propaganda". Terceiro: ataques pessoais, visando colar em Ciro o adjetivo de "grosso".
"Ficamos aturdidos", diz Herrmann, que classificou a tática do tucano de "ataque surpresa". Freire reconheceu que "talvez" a Frente tenha "demorado um pouco" para responder aos ataques.
A cúpula da campanha se preparou para responder a provocações sobre a vida pública de Ciro. Os ataques à personalidade dele a deixaram desnorteada. Durante o velório, na Assembléia Legislativa, Herrmann e Freire reuniram-se com Ciro em local reservado por cerca de meia hora e reafirmaram a necessidade de engrossar o discurso contra o governo.
As críticas contra o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também endureceram: "Nunca pensei que um dia ele [Lula] pudesse se transformar em traidor das classes trabalhadoras desses país", disse Herrmann. "Vamos dizer claramente que o Lula é o plano B do governo."
Pesquisa telefônica feita pela Frente após o programa de sábado passado, segundo os assessores de Ciro, mostrou que os eleitores aprovaram as críticas feitas ao governo em relação ao desemprego. Essa linha deve ser mantida no programa da próxima terça.
A subida de Serra, diz o comando da Frente, vai reduzir as possibilidades de aliança de Ciro num eventual segundo turno. "Agora, vamos ter de bater em mais gente", diz um deputado. No rolo compressor, serão incluídos políticos do PMDB e PFL, potenciais aliados num segundo turno.


Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Montes Claros

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