São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Partido compara polarização a partida repleta de cartões vermelhos, o que desgastaria vencedor para o 2º turno

PT espera lucrar com "guerra" Ciro-Serra

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT compara a acirrada disputa pelo segundo lugar nas pesquisas a um jogo de futebol "cheio de cartões vermelhos", em que, espera, o beneficiário maior será Luiz Inácio Lula da Silva.
A imagem é utilizada pelo deputado federal Aloizio Mercadante (SP) para ilustrar a satisfação do partido com o recrudescimento na troca de acusações entre os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS).
"Estamos na final esperando quem será o nosso adversário, em um jogo que já se mostra violento e que fará o vencedor chegar cansado e machucado", afirmou o deputado, integrante do alto escalão do partido.
Petistas ontem não escondiam o contentamento com o resultado da pesquisa Datafolha, em que a liderança de Lula com 37% foi confirmada, contra 20% de Ciro e 19% de Serra.
Oficialmente, falar em vitória no primeiro turno continua proibido dentro da campanha petista, para evitar a possibilidade de "salto alto". "Não ser presunçoso" é a palavra de ordem.
"Há uma onda positiva em torno do Lula, que pôde ser verificada em manifestações populares espontâneas no Norte e Centro-Oeste [para onde o candidato foi na semana retrasada]", diz o secretário-geral do PT, Luiz Dulci.
Ele afirma ser possível o petista crescer mais, mas mantém a linha de que o partido não trabalha com a possibilidade de vitória no primeiro turno.
O objetivo maior do partido passa a ser atingir os 40%, chegando no segundo turno com uma margem de 15 pontos percentuais à frente de seu adversário. Espera-se que eleitores insatisfeitos com a troca de farpas na disputa pelo segundo lugar optem por Lula.
"Isso nos daria um colchão de segurança, ao mesmo tempo em que a batalha entre Ciro e Serra criará entre seus partidos um abismo no segundo turno", declara Mercadante.
A expectativa do PT é que a subida de Serra será interrompida e que ele se estabilizará no máximo em 25%. Se subir mais, chegando perto da casa de 30% -possibilidade que nenhum petista descarta totalmente-, passa a preocupar o partido.
"A fotografia do momento revela que o segundo turno com Serra é o mais provável. Mas não podemos ficar no camarote esperando quem vai nos enfrentar", declara o deputado federal Arlindo Chinaglia, da coordenação da campanha lulista.
Segundo ele, o partido tem de agir, não apenas reagir. "A última coisa a ser feita é esperar sentados que caiam no nosso colo votos de eleitores de Ciro e Serra insatisfeitos com a guerra entre os dois", declara Chinaglia.
Por "agir" entenda-se intensificar o trabalho de mobilização, em ações como uma campanha alternativa contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), já que o partido se retirou do plebiscito promovido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) nesta semana, por temer desgaste à candidatura de Lula.
Outro objetivo neste momento é evitar "cair em provocações", como avalia Dulci.
O partido sabe que seus adversários tentarão fazer com que Lula abandone seu estilo evasivo de campanha, no qual ele tem evitado se comprometer com metas e críticas a adversários.


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