São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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Para o PT, oligarquia boa é oligarquia que apóia o partido

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com o apoio explícito de caciques que representam grupos oligárquicos no país, como o do senador José Sarney (PMDB-AP), o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não poupa dos seus ataques as oligarquias nos seus discursos mais inflamados.
Em comício recente em Palmas, capital do Tocantins, quando já estava selado, nas conversas de bastidores, o acordo com Sarney, o petista alvejou, sem dó, a oligarquia local, no poder desde a fundação do Estado, em 1988.
"Quero o apoio de vocês para que a gente possa acabar com essa oligarquia ultrapassada e velha que segura tudo aqui neste Estado", discursou, na defesa do candidato ao governo Freire Júnior, do PMDB, seu aliado: "Não devemos esquecer que eles são poderosos, tanto politicamente como economicamente".
Os caciques tocantinenses, que têm no comando a família do governador Siqueira Campos (PFL), apóiam o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
Se a oligarquia daquele Estado é envelhecida no seu mandonismo de 14 anos, a família Sarney, está no comando do poder maranhense há 36 anos e ainda controla os principais meios de comunicação, corporações econômicas e propriedades rurais, motivo pelo qual já foi acusada pelo petista de apoiar a "grilagem" de terras.
Na geopolítica dos caciques regionais, Lula tem ainda o apoio do ex-governador do Piauí Francisco de Moraes Souza, o Mão Santa, do PMDB, cassado pela Justiça Eleitoral sob a acusação de troca de votos por favores.
Em Alagoas, o partido vive a crise instalada desde o momento em que firmou a aliança com o PL, que abriga vários representantes dos usineiros no Estado. A senadora Heloísa Helena (PT) se rebelou sobre o assunto. Ela argumenta que não pode se juntar a quem mais combateu durante a sua trajetória política.
Indagado sobre o apoio de representantes de oligarquias, em um salão ainda repleto de estrelas de TV e intelectuais, no começo da noite de quinta-feira, no Rio, Lula disse que seria burrice cometer os mesmos erros de eleições anteriores, quando o PT não soube negociar alianças.
"Vocês só estão perguntando sobre o Sarney porque é o PT que recebe o seu apoio", afirmou: "Se fosse outra candidatura, o Ciro Gomes ou o José Serra, não tinha problema nenhum", ressaltou.
O petista disse que não iria recusar voto de ninguém, dando a entender que o apoio de caciques fosse o de um eleitor comum.


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