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Para o PT, oligarquia boa é oligarquia que apóia o partido
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com o apoio explícito
de caciques que representam grupos oligárquicos no país, como o
do senador José Sarney (PMDB-AP), o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não poupa dos
seus ataques as oligarquias nos
seus discursos mais inflamados.
Em comício recente em Palmas,
capital do Tocantins, quando já
estava selado, nas conversas de
bastidores, o acordo com Sarney,
o petista alvejou, sem dó, a oligarquia local, no poder desde a fundação do Estado, em 1988.
"Quero o apoio de vocês para
que a gente possa acabar com essa
oligarquia ultrapassada e velha
que segura tudo aqui neste Estado", discursou, na defesa do candidato ao governo Freire Júnior,
do PMDB, seu aliado: "Não devemos esquecer que eles são poderosos, tanto politicamente como
economicamente".
Os caciques tocantinenses, que
têm no comando a família do governador Siqueira Campos (PFL),
apóiam o candidato do PSDB à
Presidência, José Serra.
Se a oligarquia daquele Estado é
envelhecida no seu mandonismo
de 14 anos, a família Sarney, está
no comando do poder maranhense há 36 anos e ainda controla os principais meios de comunicação, corporações econômicas e
propriedades rurais, motivo pelo
qual já foi acusada pelo petista de
apoiar a "grilagem" de terras.
Na geopolítica dos caciques regionais, Lula tem ainda o apoio do
ex-governador do Piauí Francisco
de Moraes Souza, o Mão Santa, do
PMDB, cassado pela Justiça Eleitoral sob a acusação de troca de
votos por favores.
Em Alagoas, o partido vive a crise instalada desde o momento em
que firmou a aliança com o PL,
que abriga vários representantes
dos usineiros no Estado. A senadora Heloísa Helena (PT) se rebelou sobre o assunto. Ela argumenta que não pode se juntar a quem
mais combateu durante a sua trajetória política.
Indagado sobre o apoio de representantes de oligarquias, em
um salão ainda repleto de estrelas
de TV e intelectuais, no começo
da noite de quinta-feira, no Rio,
Lula disse que seria burrice cometer os mesmos erros de eleições
anteriores, quando o PT não soube negociar alianças.
"Vocês só estão perguntando
sobre o Sarney porque é o PT que
recebe o seu apoio", afirmou: "Se
fosse outra candidatura, o Ciro
Gomes ou o José Serra, não tinha
problema nenhum", ressaltou.
O petista disse que não iria recusar voto de ninguém, dando a entender que o apoio de caciques
fosse o de um eleitor comum.
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