São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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Petistas citados criticam relatório e dizem que vão provar inocência

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de os 18 parlamentares e um ex-deputado (Valdemar Costa Neto, do PL, que renunciou ao mandato) citados no relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) terem juntado suas defesas à documentação analisada pela CPI dos Correios, muitos acusados preferiram manter o silêncio após a divulgação do relatório parcial, ocorrida ontem.
Os deputados que comentaram o texto, porém, criticaram o relatório. "É um processo viciado, com uma dose razoável de autoritarismo e uma certa dose de discriminação e parcialidade. Por que ele [Serraglio] não listou todos os que aparecem nas listagens? Também é um absurdo não dar a oportunidade ao deputado de falar na CPI, se defender", disse Paulo Rocha (PA), ex-líder do PT na Câmara, acusado de receber R$ 920 mil do esquema Marcos Valério -o deputado admite que foi beneficiado com R$ 620 mil para pagar débitos de campanha.
Outro deputado petista, Professor Luizinho (SP), disse que não recebeu "nenhum centavo de caixa dois" para fazer sua campanha. Segundo o parlamentar, um funcionário do seu gabinete foi contemplado com R$ 20 mil para fazer campanha para alguns vereadores no interior de São Paulo. "Não tenho nada a ver com isso."

"Sou inocente"
Integrante do PT da Bahia, o deputado Josias Gomes disse que a "verdade ficará evidenciada quando a sua defesa for considerada". Ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) disse que não será cassado. "Sou inocente." Para se defender, João Paulo relacionou o suposto "mensalão" à troca de legenda.
"Dizem que quem pegou "mensalão" trocou de partido, e eu não troquei. Dizem que quem pegou era pra votar a favor do governo, e eu não votava porque presidia a sessão da Câmara. Dizem que era para fazer caixa dois, e eu não fiz." Ele disse também que os R$ 50 mil que sua mulher sacou no Banco Rural foram dados pelo PT.
Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Vadão Gomes (PP-SP) não foram localizados ontem à tarde em seus gabinetes. Por seu advogado, o deputado José Borba (PMDB-PR) disse que somente iria se pronunciar quando lesse o relatório.
Citados no relatório, Roberto Brant (PFL-MG) e José Mentor (PT-SP) estavam viajando, de acordo com seus assessores. Até o fechamento desta edição os deputados José Janene (PP-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE) não haviam atendido ao pedido da reportagem. Autor das denúncias do suposto "mensalão", o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), presidente licenciado do PTB, disse, por sua assessoria, que não iria comentar o relatório parcial da CPI dos Correios.
Segundo funcionários do seu gabinete, Pedro Henry (PP-MT) estava em trânsito. Sandro Mabel (PL-GO) disse que "ficou feliz" com a inclusão do seu nome no relatório. "Agora, vou comprovar a minha inocência."
O ex-deputado Valdemar da Costa Neto não foi localizado ontem pela Folha. Também não foram localizados os deputados Wanderval Santos (PL-SP), Romeu Queiroz (PTB-MG) e João Magno (PT-MG).

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