São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Entrevista - Tasso Jereissati

Tasso diz que tucanos mostrarão "farsa, corrupção e arrogância do governo Lula"

ELIANE CANTANHÊDE
DA COLUNISTA DA FOLHA

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), 57, deixou claro que os tucanos vão subir o tom dos ataques contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gradualmente. Em entrevista à Folha, ele disse que o objetivo é mostrar que três características do governo petista são " farsa, corrupção e arrogância".

 

FOLHA - Vocês pretendem bater cada vez mais no Lula, no governo e no PT daqui em diante?
TASSO JEREISSATI -
Quem fala em bater é você. Nós apenas vamos mostrar que esse governo é uma verdadeira farsa. Aliás, são três as características: a farsa, a corrupção e a arrogância. Temos obrigação de mostrar quem foram Delúbio Soares, Sílvio Pereira, Waldomiro Diniz e que o José Dirceu, cassado pela Câmara, e o Antonio Palocci caíram por desvios éticos. Um descalabro.

FOLHA - O sr. inclui o Palocci, mas uma parte do PSDB, o sr. principalmente, e do PFL, como o senador Antonio Carlos Magalhães, não eram os maiores defensores dele?
JEREISSATI -
O Palocci salvou o governo. Houve determinados momentos em que, se o PT fizesse o que queria fazer, teria jogado o país no abismo. Mas, paralelo a isso, o Brasil inteiro viu a questão do caseiro [Francenildo Pereira] e da mansão de Brasília do Vladimir Poleto [ex-assessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto]. Uma coisa não desmente a outra.

FOLHA - O relatório do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, falando em "quadrilha", vai entrar?
JEREISSATI -
É um relatório verdadeiro, neutro, legítimo e legal? Então, nós vamos mostrar.

FOLHA - As acusações contra os senadores tucanos Eduardo Azeredo e Antero Paes de Barros não fragilizam as denúncias do PSDB?
Jereissati -
Antero, não. Ele respondeu prontamente, mostrando que não há nenhum depósito, não há nada contra ele nem mesmo indícios.

FOLHA - Quanto ao Azeredo?
JEREISSATI -
É uma questão eleitoral lá de não sei quando. Ele não entrou em lista de mensaleiro, em nada disso. A gente também não pode sair por aí, para igualar todo mundo. Essa tentativa de igualar é para poder dizer: "Vamos votar no PT porque, roubar por roubar, todos roubam e são iguais".

FOLHA - Está colando, não é? Os artistas falam isso em outras palavras.
JEREISSATI -
Das facetas do governo Lula, a pior é essa: estimular o povo a atitudes de corrupção, de mentira. Essa é a herança maldita que ele deixará.

FOLHA - Quando FHC critica Lula é bom ou ruim para o Alckmin?
JEREISSATI -
Eu achei a última declaração dele [dizendo que não é igual a Lula] ótima.

FOLHA - O Bornhausen disse que o PT estaria envolvido com o PCC. O sr. acredita?
JEREISSATI -
Eu não sei, mas tenho certeza de que o PCC fará tudo para Alckmin não chegar ao poder e tem muito mais simpatia pelo outro lado, como mostram as gravações.

FOLHA - Os candidatos do PSDB e do PFL esquecem Alckmin, mas os do PT e seus aliados estão todos pendurados no Lula.
JEREISSATI -
É o oportunismo. Por outro lado, o oportunismo é recíproco, porque você vê o Lula com o Newtão [Newton Cardoso, do PMDB-MG], com o José Sarney [PMDB-AP], com o Jader Barbalho [PMDB-PA]. Você lembra o que o Lula falava do Sarney? Se 10% do que ele pensava do Newtão é verdade, isso tudo é de um cinismo muito grande.

FOLHA - Mas o PSDB se aliou ao PFL e ao PPS, ex-comunista, que são antítese. Não é oportunismo?
JEREISSATI -
Não há princípios éticos envolvidos nisso aí.


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