São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

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Prefeito nega a existência do "fundo de reserva"

Auricchio afirma que as acusações são absurdas e foram feitas para prejudicá-lo

DA REPORTAGEM LOCAL

O atual prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior (PTB), afirma que nunca ouviu falar em um "fundo de reserva" de obras públicas e lamenta ter de se defender de acusações absurdas, feitas para prejudicá-lo politicamente.
"Eu nunca tratei de obras com empresários. Sou médico. Quando estava na Secretaria de Saúde, não cuidava de obras, minha área era técnica", diz Auricchio Júnior, que nega ser amigo de Cressoni.
"Éramos conhecidos, moramos numa cidade pequena. Nos encontramos por acaso num cruzeiro que fiz com a minha família, no final do ano. Ele não foi comigo. Tinha umas 50 pessoas de São Caetano. Participei de um aniversário da filha dele, acho que de 15 anos. Mas ele convidou todo mundo da prefeitura", diz.
O prefeito afirma que determinou a instalação de uma comissão municipal para apurar as obras executadas pelo construtor. Pediu ainda a abertura de um inquérito pela Polícia Civil para apurar a denúncia.
"Posso garantir que sempre houve licitação na prefeitura. Não tem como contratar sem passar por uma concorrência pública. Agora, se a assinatura das cartas convites é do Cressoni ou não, isso eu não sei. E, se não for dele, pode ser de alguém da construtora, não sei."
Auricchio Júnior não é investigado pela Promotoria de Santo André. Como prefeito, ele tem foro criminal privilegiado e só pode ser inquirido pelo procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo. Por isso, parte do caso será remetido ao chefe do Ministério Público.
Por meio do advogado José Luiz Toloza Costa, o engenheiro José Gaino diz desconhecer qualquer retenção de dinheiro público em uma conta caução. Afirma que a polêmica começou depois que Cressoni deixou de pagar as parcelas de um apartamento no Guarujá, vendido por Gaino por R$ 90 mil.
O engenheiro, que se licenciou da chefia de Obras recentemente, informou ter recebido apenas R$ 30 mil.
Antonio de Pádua Tortorello, irmão do prefeito morto em 2004, afirma que o empresário nunca emprestou dinheiro à sua família. "Quem conheceu o meu irmão sabe que ele nem conversava com empresários."
Pádua diz que nunca recebeu dinheiro do "fundo de reserva". "Acho que Cressoni fez duas ou três obras para a prefeitura com valores realmente muito baixos. Eu até o orientei a pedir indenização, mas não sei se ele fez isso." Sobre as viagens, afirma: "Eu não viajava com ele. Eu viajava e ele ia atrás".
Evandro Luiz de Moraes, funcionário da prefeitura, informou que não iria conversar com a reportagem.
Em depoimento ao Ministério Público, no último dia 16, Moraes diz que nunca ficou com carimbos e papéis da empresa de Cressoni e que pagou, em parcelas, a viagem de turismo para Fortaleza, que teria sido oferecida pelo empresário.
Funcionário do setor de Obras, diz ainda que apenas pediu a Cressoni a indicação de um pedreiro para a reforma de seu apartamento.


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