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Entidades cobram investigação de escuta ilegal
DA REDAÇÃO
Quatro entidades de classe
ouvidas pela Folha condenaram o grampo ilegal feito contra o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes. Todas
defenderam a apuração dos fatos e evitaram culpar a Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) pela realização da escuta clandestina.
Para o presidente da AMB
(Associação dos Magistrados
Brasileiros), Mozart Valadares,
escutas telefônicas ilegais são
incompatíveis com a democracia. "Você grampear a maior
autoridade do Judiciário do
país dá uma demonstração da
vulnerabilidade que a sociedade brasileira hoje vive. Agora
temos uma noção exata de como a intimidade do cidadão
brasileiro está vulnerável. Isso
é a negação do Estado democrático de Direito."
O presidente nacional da
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), Cezar Britto, comparou o episódio do grampo
ilegal em Mendes ao reality
show "Big Brother".
Em nota, Britto disse que as
escutas telefônicas ilegais representam "agressões à cidadania e à Constituição brasileira".
O advogado observou ainda
que a Abin não tem competência legal para realizar investigações e que ela não pode se
transformar em um "aparelho
nacional de bisbilhotagem".
Também por meio de nota
oficial, o presidente da Ajufe
(Associação dos Juízes Federais do Brasil), Fernando de
Mattos, disse que é inaceitável
que se façam "escutas clandestinas em gabinetes e linhas telefônicas de qualquer autoridade da República, principalmente do presidente do Supremo".
"Se o chefe do Poder Judiciário
tem sua vida privada invadida
dessa forma ilegal e violenta, é
de se imaginar os abusos que
sofrem os cidadãos em seu cotidiano. Isso é intolerável."
Defensor das interceptações
telefônicas legais como um instrumento "para combater,
principalmente, os crimes de
colarinho branco", o presidente da ADPF (Associação dos
Delegados da Polícia Federal),
Sandro Avelar, disse que a escuta ilegal feita contra Mendes
é uma afronta ao trabalho das
instituições públicas. "Caso se
confirmem que esses grampos
são feitos ilegalmente por instituições oficiais, além de apurar, tem de haver a punição."
Avelar ressaltou que casos
como esse podem prejudicar as
investigações criminais. "O que
nos preocupa é que passa a haver uma desconfiança nas instituições, enquanto isso o objeto das investigações fica mais
próximo da impunidade."
(AFONSO BENITES)
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