São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Lacerda se diz "alvo" de denúncias

Segundo diretor-geral da Abin, seu trabalho como chefe da PF por cinco anos contrariou interesses

Para Lacerda, essas pessoas estariam aproveitando a fragilidade da imagem da Abin atrelada à ditadura militar para derrubá-lo

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, afirmou que é "o principal alvo" das denúncias segundo as quais arapongas a serviço do órgão teriam grampeado, com escutas telefônicas e ambientais, o gabinete do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes.
Segundo a Folha apurou, Lacerda afirmou a interlocutores ter a certeza de que contrariou interesses diversos nos cinco anos em que esteve à frente da PF durante o governo Lula.
Agora, segundo sua versão, os contrariados estariam aproveitando a fragilidade da imagem da Abin, identificada com práticas ilegais de espionagem usadas na ditadura militar, quando o órgão ainda era o SNI (Serviço Nacional de Informações), a fim de derrubá-lo.
Para Paulo Lacerda, o diálogo divulgado pela revista "Veja" no último final de semana poderia ter sido gravado por interesses privados.
"O que está dito ali exige investigação séria, científica. Não podemos nos contentar com uma publicação jornalística, com direito constitucional a sigilo de fonte, para responsabilizar quem quer que seja, apesar de as acusações publicadas serem muito sérias", afirmou ele a um interlocutor.
Paulo Lacerda foi diretor-geral da Polícia Federal durante cinco anos do governo Lula, cargo do qual saiu para assumir a direção-geral da Abin.
Na reunião que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Gilmar Mendes lembrou que, quando houve vazamento indevido de seu nome como um dos beneficiários da lista de presentes distribuídos pela empreiteira Gautama, cujas fraudes foram descobertas pela Operação Navalha, deflagrada pela PF, Lacerda era o diretor-geral do órgão.
Diante da CPI dos Grampos, Lacerda assumiu que deu o aval para que agentes da Abin colaborassem com a Operação Satiagraha, deflagrada no início de julho e quando foram presos o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Najas.


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