São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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General vai hoje à CPI para falar sobre agência

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Grampos na Câmara dos Deputados vai ouvir hoje o general Jorge Felix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, para questioná-lo sobre a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no caso dos grampos no STF (Supremo Tribunal Federal).
A agência, que é subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, é suspeita de ter realizado o grampo e por isso teve sua cúpula afastada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em depoimento à comissão há duas semanas, o então diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, negou a realização de escutas no gabinete de ministros do Supremo.
O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), também promete apresentar hoje requerimento pedindo o depoimento de José Milton Campana, o segundo homem da agência. Além disso, membros da comissão querem que Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) -que foi gravado em conversa com o presidente do STF- falem na comissão sobre o grampo.

Gravidade
Todos os integrantes da CPI, tanto da base quanto da oposição, classificaram a realização da escuta como "gravíssima". "Eu penso que a denúncia [de que a Abin realizou grampos no gabinete do presidente do Supremo] é muito grave, mostra que a realização de escutas não sofre uma banalização, mas está em total descontrole", afirmou o relator da CPI, Nelson Pellegrino (PT-BA), lembrando que a comissão foi instalada exatamente devido a denúncias de grampo no tribunal.
O depoimento de Felix já tinha sido aprovado pela comissão, mas a data não tinha sido marcada até ontem. Deputados oposicionistas, porém, criticaram a antecipação da ida do ministro. Para o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR) agora não haverá tempo para formular as questões adequadas e a fala do general será totalmente previsível. "Está claro que ele concordou em vir rápido apenas para negar que sabia dos grampos, mas também precisamos questioná-lo sobre outros pontos, como os gastos enormes com cartões corporativos da Abin e a desorganização da instituição, por isso gostaria de ter mais tempo para formular as perguntas", afirmou Fruet.
O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), cogita até abrir outras frentes de investigações para achar os verdadeiros responsáveis pelo grampo, "caso a CPI não apure tudo".


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