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ACM propõe cortes no Judiciário
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
disse ontem, em Salvador, que o
governo federal deveria considerar o corte de recursos no Judiciário como uma das alternativas para cobrir o déficit da Previdência.
"Eu sou contra o aumento de
impostos, mas o governo não pode perder uma receita sem substituí-la. Agora, o governo tem que
examinar se vai cortar gastos e,
quem sabe, reduzir as despesas
com o Judiciário para cobrir o
rombo da Previdência", disse.
Anteontem, o STF (Supremo
Tribunal Federal) julgou inconstitucionais a cobrança previdenciária de servidores inativos e o
aumento das alíquotas dos funcionários na ativa.
Com as medidas, o governo esperava obter R$ 2,35 bilhões em
2000 e cumprir uma das bases do
ajuste fiscal acertado com o FMI.
O senador também criticou o
fato de o STF ter colocado a matéria em votação no momento em
que o Judiciário reivindica aumento salarial. Sobre a decisão
adotada pelo STF, o senador foi
irônico.
"A minha impressão é que o
momento político da votação foi
errado, mas acredito que o STF,
composto por pessoas tão decentes e entendidas do direito, jamais
iria ter espírito de vindica (vingança) com o governo por causa
do aumento do teto salarial."
O senador também considerou
imoral o pedido de aumento de
um teto salarial para o Judiciário.
"Agora, uma coisa é certa: estabelecer um teto separado só para o
Judiciário é imoral e eu não assinarei o aumento."
Para ACM, a decisão do STF em
relação à contribuição previdenciária dos inativos tornou mais difícil a possibilidade de votação do
teto para o Judiciário.
"Agora o governo terá menos
recursos. Como é que ele vai gastar mais com a Justiça, que não está cumprindo o seu dever em vários Estados e em vários setores?"
O senador também disse que o
STF não pode ficar preso apenas à
interpretação da lei. "Acho que o
STF tem que ter uma interpretação mais ampla, como acontece
com a Suprema Corte dos Estados
Unidos, e verificar também os aspectos políticos e sociais das coisas. De qualquer forma, eu não
discuto. Decisão do tribunal é para ser cumprida."
ACM defendeu ainda que os
militares tenham de pagar à Previdência como os civis.
O governador da Bahia, César
Borges (PFL), também criticou a
medida do STF. Ele disse que a
decisão poderá prejudicar o Fundo Previdenciário do Estado, que
cobra contribuição de servidores
inativos desde a gestão passada.
Borges afirmou que vai esperar
que a Justiça se pronuncie em relação à questão nos Estados.
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