São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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ESTADOS

Afirmação foi feita em NY para investidores estrangeiros; Itamar diz que vai processar diretor do BC

Fraga desaconselha investir em Minas

MARCIO AITH
de Washington

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha,
em Belo Horizonte

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, sugeriu ontem a investidores que foram ouvi-lo em Nova York que não invistam em Minas Gerais em virtude da decisão do governador Itamar Franco de romper acordo com acionistas privados da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). "Se você é um investidor minoritário, procure outro Estado, e não Minas Gerais", disse.
A afirmação de Fraga foi feita no Conselho das Américas, em resposta a investidor que queria saber o impacto da decisão de Itamar nas privatizações brasileiras.
"Deixem-me dizer que nós estamos muito irritados. E vocês não devem pensar que isso é Brasil, isso é Minas."
Segundo Fraga, o governo federal teme que a decisão do governo mineiro seja tomada também por outros Estados.

Ressarcimento

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), disse, em nota divulgada no final da tarde, que o governo mineiro deve entrar, por intermédio da Procuradoria Geral do Estado, com uma ação contra Fraga, pedindo ressarcimento por danos morais, entre outras medidas judiciais.
Itamar chamou de "atitude desrespeitosa, impatriótica e lesiva aos interesses de Minas Gerais" as declarações de Fraga feitas em Nova York.
Em maio de 1997, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) realizou um leilão para a venda de 32% das ações com direito a voto da Cemig, que pertenciam ao governo do Estado.
Pelo acordo de acionistas, o comprador teria o direito de vetar investimentos da empresa.
Sem concorrentes, a Southern Electric comprou as ações pelo preço mínimo de R$ 1,1 milhão. Depois, a empresa formou um consórcio com a AES e o Banco Opportunity.


"Servidor"
Na nota, Itamar chamou Fraga de ""servidor" entre aspas, porque o presidente do BC estaria ""contra os interesses nacionais, contra a ordem jurídica brasileira e contra a soberania popular".
O texto diz ainda: ""O senhor Armínio Fraga ainda não se deu conta de que não pode pretender representar no Brasil os interesses financeiros que tantos lucros lhe renderam ao longo de sua vida de banqueiro no exterior".
Segundo Itamar, a atuação de Fraga ""não será capaz de evitar que Minas Gerais continue recebendo investimentos, internos e externos. Muito menos (...) ditar os rumos para o nosso Estado".


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