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ESTADOS
Afirmação foi feita em NY para investidores estrangeiros; Itamar diz que vai processar diretor do BC
Fraga desaconselha investir em Minas
MARCIO AITH
de Washington
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha,
em Belo Horizonte
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, sugeriu ontem a
investidores que foram ouvi-lo
em Nova York que não invistam
em Minas Gerais em virtude da
decisão do governador Itamar
Franco de romper acordo com
acionistas privados da Cemig
(Companhia Energética de Minas
Gerais). "Se você é um investidor
minoritário, procure outro Estado, e não Minas Gerais", disse.
A afirmação de Fraga foi feita
no Conselho das Américas, em
resposta a investidor que queria
saber o impacto da decisão de Itamar nas privatizações brasileiras.
"Deixem-me dizer que nós estamos muito irritados. E vocês
não devem pensar que isso é Brasil, isso é Minas."
Segundo Fraga, o governo federal teme que a decisão do governo
mineiro seja tomada também por
outros Estados.
Ressarcimento
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), disse, em
nota divulgada no final da tarde,
que o governo mineiro deve entrar, por intermédio da Procuradoria Geral do Estado, com uma
ação contra Fraga, pedindo ressarcimento por danos morais, entre outras medidas judiciais.
Itamar chamou de "atitude desrespeitosa, impatriótica e lesiva
aos interesses de Minas Gerais" as
declarações de Fraga feitas em
Nova York.
Em maio de 1997, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) realizou um leilão para a venda de
32% das ações com direito a voto
da Cemig, que pertenciam ao governo do Estado.
Pelo acordo de acionistas, o
comprador teria o direito de vetar
investimentos da empresa.
Sem concorrentes, a Southern
Electric comprou as ações pelo
preço mínimo de R$ 1,1 milhão.
Depois, a empresa formou um
consórcio com a AES e o Banco
Opportunity.
"Servidor"
Na nota, Itamar chamou Fraga
de ""servidor" entre aspas, porque
o presidente do BC estaria ""contra os interesses nacionais, contra
a ordem jurídica brasileira e contra a soberania popular".
O texto diz ainda: ""O senhor Armínio Fraga ainda não se deu
conta de que não pode pretender
representar no Brasil os interesses
financeiros que tantos lucros lhe
renderam ao longo de sua vida de
banqueiro no exterior".
Segundo Itamar, a atuação de
Fraga ""não será capaz de evitar
que Minas Gerais continue recebendo investimentos, internos e
externos. Muito menos (...) ditar
os rumos para o nosso Estado".
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