São Paulo, Sábado, 02 de Outubro de 1999
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Lula participa de seminário na França


FÁTIMA GIGLIOTTI
enviada especial a Biarritz

O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil tem de escolher entre pagar sua dívida externa ou pagar sua dívida social. Ele participou em Biarritz (cidade no sul da França) de seminário sobre as relações da Europa com a América Latina.
"Mais de 50 milhões de brasileiros ganham menos de US$ 150 por mês, há trabalho escravo, 4 milhões de crianças trabalhando e salário mínimo de US$ 80. Ou pagamos a dívida externa ou essa dívida social."
"Nós somos a oitava economia e temos a segunda pior taxa de distribuição de renda do mundo", concluiu Lula, em palestra sobre modelos de desenvolvimento, ao lado do ministro da Cooperação do governo francês, Charles Roselyn.
Lula pediu a criação de uma forma de equivalência entre os países ricos e pobres na Organização Mundial do Comércio "para evitar taxações e impostos danosos à exportação".

FHC
Roselyn, em sua fala, citou frase do presidente Fernando Henrique Cardoso: "O Brasil não é um país pobre, é um país injusto". "Se há gente demais nas cidades, gerando desequilíbrio e violência social, é porque as pessoas não têm terra para produzir", declarou o ministro francês ao justificar sua defesa da reforma agrária no Brasil.
Roselyn defendeu o estreitamento das relações comerciais com o Brasil e países vizinhos a partir de dados que apresentou: o Mercosul exporta quatro vezes mais para a Europa do que para o mercado norte-americano; os europeus destinam 500 milhões de euros para ações sociais na América Latina.
O ministro comentou as declarações do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, o francês Michel Camdessus, sobre a necessidade de "humanizar" a globalização.
"As preocupações sociais, enfim, estão sendo assumidas. Camdessus usou uma nova linguagem para ajudar os países também na implementação e execução de políticas sociais", declarou o ministro.


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