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CPI DO NARCOTRÁFICO
Ex-motorista disse que usou gasolina da Câmara
Deputado teria usado máquina para distribuir favores em 98
ABNOR GONDIM
enviado especial a Rio Branco
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Rio Branco
O deputado José Aleksandro da
Silva (PFL-AC), cuja cassação foi
pedida anteontem pela CPI do
Narcotráfico, é acusado de utilizar a estrutura da Câmara Municipal de Rio Branco e da Fundação do Bem Estar Social do Acre
na campanha eleitoral de 98.
O motorista José Fernandes da
Costa, 50, disse à Folha que prestou serviços ao deputado com gasolina requisitada pela Câmara
Municipal e que recebia metade
do salário de motorista como
coordenador da divisão técnica
da Funbesa sem trabalhar lá.
Costa disse que recebia requisições de gasolina da Câmara por
ordem de Silva. Ele era primeiro-secretário da Câmara antes de assumir o mandato na vaga de Hildebrando Pascoal, que está preso
em Brasília, acusado de envolvimento com narcotráfico e grupo
de extermínio no Acre.
A mulher do deputado, Kelly
Pessoa de Oliveira e Silva, era diretora-presidente da Funbesa,
nomeada pelo ex-governador Orleir Cameli. Foi ela quem nomeou
o motorista para um cargo que
exige curso superior. Costa disse
que tem apenas curso primário.
"No dia da eleição, eu nem almocei de tanto transportar eleitor
e cabo eleitoral", disse Costa, confessando a prática de crime eleitoral. Ação civil pública movida pelo Ministério Público do Acre
contra o deputado, sua mulher e
outros membros da direção da
Câmara afirma que era total o
descontrole no uso de combustível pago pelo órgão.
"Grande parte do combustível
pago destina-se a abastecer carros
particulares, geralmente de propriedade de vereadores e parentes
deles", diz a ação.
Em fevereiro, Costa disse que
decidiu entrar na Justiça contra o
deputado cobrando uma dívida
de R$ 3.200 referente à metade do
salário integral de R$ 850 que ele
teria deixado de pagar desde que
foi nomeado para a fundação.
Cópias de atos assinados pela
mulher do deputado mostram
que Costa foi nomeado no dia 1º
de abril de 98 e exonerado em 31
de dezembro de 98, último dia de
gestão do ex-governador Cameli.
"Ela nunca poderia ter feito essa
e outras nomeações porque tal
competência é exclusiva do governador", disse o secretário estadual de Assistência Social e Cidadania, Cleber Peres. Além disso,
Peres disse que o governo Jorge
Viana (PT) descobriu que eram
funcionários "fantasmas" os ocupantes de cargos comissionados
da Funbesa na gestão de Kelly.
"O secretário é de outro partido
e pode dizer o que quiser", disse
Kelly. "O importante é que minhas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado."
Ela disse que Costa era seu assessor e ocupava a função de motorista, apesar de ser coordenador
da divisão técnica. Negou que ele
tenha apenas o curso primário.
"Quando acabou o governo, o
motorista ficou sem padrinho político e tentou extorquir meu marido, dizendo que era motorista
dele", afirmou Kelly.
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