São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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Derrotado, Brizola agora disputa PDT

DA SUCURSAL DO RIO

Ao lançar sua campanha à Prefeitura do Rio, Leonel Brizola, fundador, presidente nacional, regional e municipal do PDT, disse que enfrentava sua última batalha eleitoral. Uma batalha com duas trincheiras: a eleição e a disputa pelo controle do PDT com o governador Anthony Garotinho.
Eleitoralmente, o ex-governador sofreu derrota nas urnas, ficando em quarto lugar no Rio, cidade que foi seu reduto eleitoral.
Não que se possa decretar a morte política de Brizola, que, exibindo vigor aos 78 anos, subiu favelas e pedalou durante a campanha. Mais de uma vez ele se comparou a um "cavalo inglês", que vai "morrer na cancha".
Mas esta eleição aprofunda a perda de importância eleitoral do ex-governador. Nos últimos 11 anos, ele perdeu quatro das cinco eleições que disputou: além desta, duas como candidato a presidente (89 e 94) e uma como vice-presidente (em 1998).
Até 1989, Brizola não conhecera derrota nas urnas -que o haviam consagrado deputado estadual (RS), duas vezes deputado federal, prefeito de Porto Alegre e governador gaúcho e do Rio.
Perdida a batalha das urnas, Brizola se dedica agora a um front: evitar a ascensão de Garotinho, que, como maior expoente do PDT, sonha em herdar a estrutura do partido. Ele já disse que prefere acabar com o partido a entregá-lo "nas mãos desse garoto".
Curiosamente, Garotinho e Brizola têm certas afinidades no discurso e na prática política. Os dois usaram o rádio para atingir a opinião pública. Foram radialistas e tiveram programas próprios.
Além disso, a religião é componente fundamental na construção da personagem político de ambos, embora de forma diferente. Educado por um pastor metodista, Brizola aprendeu a falar em público lendo as rezas no culto.
Garotinho, que se tornou evangélico após um acidente de carro em 1994, lida de forma diferente com a religião. Ela faz parte do seu projeto político.
Ele costuma dizer que, seja no interior do país ou em uma favela, é mais fácil encontrar uma igreja evangélica do que um partido organizado. "E quem fala para esse público?", costuma perguntar sorrindo. (LAR)


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