São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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RIO DE JANEIRO
Candidato do PTB enfrentará Luiz Paulo Conde (PFL); "que venga el toro!", diz prefeito; petebista tinha vantagem de 13 mil votos a mais quando faltava apurar 3.000
Maia supera Benedita e vai ao 2º turno

DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do PTB e ex-prefeito do Rio Cesar Maia será o adversário do prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) no segundo turno das eleições para a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Maia vencia a vice-governadora Benedita da Silva (PT) por uma diferença em torno de 13 mil votos (de um total de 3.534.233) quando faltavam cerca de 3.000 votos a serem apurados.
Com 99,94% das urnas apuradas, Conde tinha 34,69% dos votos (1.124.377 votos). Maia 23,03% (746.533), Benedita 22,63% (733.410) e Leonel Brizola (PDT) 9,1% (294.991). A abstenção estava em 16,43% (696.150).
Ao tomar conhecimento de que enfrentaria Maia no segundo turno, Luiz Paulo Conde exclamou: "Que venga el toro!". Conde é descendente de espanhóis. Disse ainda que espera "que venham grosserias e calúnias (de Cesar Maia), porque esse é o estilo dele".
Ele disse ter certeza do apoio do governador Anthony Garotinho (PDT, partido pelo qual concorreu Leonel Brizola). "Acho que será importante para o Rio que estejamos unidos para termos mais força na federação", disse.
Às 22h34, Benedita disse que Conde e Maia ""têm projetos iguais, que merecem a oposição do PT". ""Eles governaram o Rio nos últimos oito anos. Foram oito anos de exclusão social. O projeto deles é o mesmo. Um pode fazer uma maquiagem maior do que o outro, mas as gestões são idênticas." Duas horas antes, seu coordenador de campanha, deputado Jorge Bittar (PT-RJ), deu uma entrevista de 40 minutos detalhando os planos para a campanha de Benedita para o segundo turno.
A pequena diferença entre o total de votos de Cesar Maia e Benedita é ainda inferior ao ocorrido nas duas eleições municipais anteriores, em 1992 e 1996.
Em 1992, Maia, então candidato do PMDB, ficou com 84.977 votos a mais que Cidinha Campos (PDT) e foi para o segundo turno.
Além de não ter o apoio do governador, Maia também terá contra si outra força política do Estado, o deputado Sergio Cabral (PMDB), presidente da Assembléia Legislativa. Mas o ex-prefeito poderá contar com um apoio valioso: de Brizola.
Apesar de ter dito que existe a possibilidade de o partido recomendar o voto em branco, Brizola não descartou a possibilidade de apoiar o candidato do PTB.
Maia concorreu com o apoio de uma frente formada por dez partidos -entre eles o PL e o PPS. Sua ida ao segundo turno dá fôlego à intenção de Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo PPS, de fincar base eleitoral no Estado.
Conde já deu mostras de como pretende neutralizar uma das armas que devem ser usadas contra ele no segundo turno. Logo após votar, às 11h30, ao ser questionado sobre se espera o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso, respondeu que quer "o apoio da população".
A resposta mostra o cuidado de Conde em manter-se longe da imagem de ligado à base de sustentação do governo federal.
Em entrevista após o resultado, Maia centrou suas críticas ao Ibope. "Meu adversário é o Ibope, estou enojado, não posso ficar disputando eleições com o Ibope." Ele afirmou que vai pedir hoje ao TRE do Rio a suspensão do instituto no segundo turno.
Ele se referia ao fato de a pesquisa de boca-de-urna do instituto ter afirmado que Benedita teria 22% da intenções de voto, e Maia, 21%. A margem de erro era de 1,3%. O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, disse que as previsões feitas pelo instituto mostravam que as eleições no Rio "seriam dramáticas, o que foi confirmado". Ele disse que Maia "está se mostrando totalmente destemperado".


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