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FEDERAÇÃO AOS PEDAÇOS
Governador de São Paulo diz que governo deve mudar texto da reforma tributária no Senado
Para Alckmin, clima entre os Estados "nunca foi tão tenso"
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu
ontem a retomada do texto original da reforma tributária no Senado e disse que, em seus 30 anos de
vida pública, nunca viu "um clima tão tenso entre os Estados"
por causa da reabertura da guerra
fiscal estimulada pelo Congresso e
pelo Palácio do Planalto.
"Uma coisa que já estava quase
superada, as disputas entre Estados e regiões, voltou. A reforma
acendeu uma cizânia que é altamente prejudicial ao país. Tudo
isso foi ocasionado pelas coisas
que foram agregadas ao texto original", disse o tucano, que anteontem participou da reunião
dos governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em Brasília.
De acordo com Alckmin, o governo federal e sua base de apoio
no Congresso precisam intervir
para pôr um fim à guerra fiscal
entre os Estados.
"Tem que consertar isso. E consertar rapidamente. Isso é absolutamente urgente", afirmou ele,
que prometeu trabalhar no Senado pelo retorno à proposta original da reforma, que foi entregue
ao Congresso pelo presidente Lula, em conjunto com todos os governadores, no dia 30 de abril.
Entre os principais pontos de
descontentamento do paulista,
está a mudança no sistema de cobrança do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços), da origem para o destino, o
que provocaria perdas de R$ 1,8
bilhão por ano para São Paulo.
"Esse ponto não estava no texto
original, por exemplo", disse ele.
A proposta da reforma tributária, feita em acordo com os Estados, chegou ao Congresso tendo
como principal bandeira a unificação do ICMS, que acabaria com
a guerra fiscal no país.
"Erros acumulados"
Na avaliação do governador de
São Paulo, a mudança no local de
cobrança do ICMS só poderia ter
sido incluída no texto em uma reforma mais ampla, que criasse o
que ele chamou de IVA (Imposto
de Valor Agregado) ampliado.
"A guerra fiscal é a consequência de erros que foram sendo acumulados", disse.
"O governo precisa se ater aos
seus objetivos iniciais. Precisa enxugar o texto no Senado", acrescentou o tucano.
De acordo com o governador de
São Paulo, ao ter estimulado a
guerra fiscal, a reforma irá prejudicar a população de baixa renda,
que deixa de receber investimentos nas áreas de saúde e educação,
provenientes da arrecadação de
impostos.
"Além disso, essa disputa desorganiza os mercados", afirmou o
governador.
O presidente Lula, conforme relato do tucano, colocou "de maneira clara" aos governadores anteontem a necessidade do entendimento entre os 27 Estados. O
mesmo teria sido feito pelos ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil).
O tucano disse ter deixado Brasília com a promessa do governo
de federal de que a reforma tributária ainda não está concluída e
que deverá ser aperfeiçoada durante sua tramitação no Senado.
Sobre as divergências entre os
próprios governadores do PSDB,
Geraldo Alckmin disse acreditar
que o consenso só existirá em torno do texto original.
Críticas
Desde o início do mês passado,
São Paulo vem sendo alvo de duras críticas, especialmente de Estados das regiões Norte e Nordeste. "Nós [SP] não ganhamos nada
com a reforma. Pelo contrário",
rebateu Alckmin ontem.
Na opinião do governador, a reforma tributária, com os incentivos fornecidos pelos Estados, deixou de ser "arrecadatória".
"O texto colocou uma data futura para a guerra fiscal, o que leva a
um acirramento dessa disputa para ver quem faz mais renúncia fiscal", disse.
O texto aprovado no mês passado na Câmara dos Deputados diz
que os incentivos fiscais concedidos até anteontem terão validade
por 11 anos após a entrada em vigor da reforma.
No entanto, segundo Geraldo
Alckmin, nenhuma empresa
anunciou que deixaria o Estado
de São Paulo por causa de melhores incentivos oferecidos em outras regiões.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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