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Câmara americana apóia proposta
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com mais críticas do que elogios, a Amcham (Câmara Americana de Comércio) divulgou ontem documento de apoio ao atual
texto da reforma tributária que
está no Senado Federal. "O pior
para o empresário é não existir regras, como ocorre hoje", diz Roberto Pasqualin, responsável pelo
grupo de estudos organizado pela
câmara para avaliar as mudanças
sugeridas pelo governo.
O texto da reforma aprovado
pelos deputados é criticado em 7
das 8 páginas do documento. Para
a Amcham, o governo federal, ao
ceder a pressões pontuais de governadores e de partidos políticos, entregou ao Senado um projeto "insuficiente" para reestruturar o sistema tributário brasileiro.
Os dois problemas principais,
segundo a entidade, são: prorrogação da guerra fiscal entre Estados e risco de aumento da carga
tributária. Nos dois casos, para a
Amcham, o governo terá de se
impor às ações dos governos estaduais e municipais.
"Depois da reação dos governadores, a guerra fiscal foi prorrogada por mais de uma década, só
que com data para acabar. Isso
cria um desequilíbrio muito profundo entre as empresas", afirma
Pasqualin. Pelo atual texto, a isenção de tributos concedida até 30
de setembro deste ano será mantida por 11 anos.
A entidade discorda da tese defendida principalmente pelos governadores Geraldo Alckmin
(PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG), de que a data fixada para
isenção de tributos deveria ser retroativa. "A legislação brasileira
não permite", diz Pasqualin, para
quem não deveria existir nenhum
tipo de prazo. "Quando a mudança for aprovada pelo Senado, a
guerra fiscal já deveria acabar,
sem prorrogação."
Para a força-tarefa de estudos
da Amcham, apesar de reiteradas
afirmações do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva de que o atual
texto não implicará em aumento
da carga tributária, o risco existe.
Segundo o estudo, constitucionalmente serão abertas portas para que Estados e municípios
criem ou ampliem tributos, como
o imposto sobre o patrimônio
com alíquotas progressivas e a taxação de lixo e de iluminação pública -como já existe no município de São Paulo.
O ponto positivo destacado no
estudo é a unificação do ICMS, o
"maior e mais complexo imposto
brasileiro". Apesar das críticas,
Pasqualin disse não estar frustrado com a reforma apresentada.
"Toda mudança pressupõe muitas discussões. Isso acontece."
Para ele, se a discussão for postergada para o próximo ano, o assunto poderá se perder na agenda
eleitoral. "Eles [os políticos] estarão preocupados com outras coisas", afirma.
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