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ELEIÇÕES 2008 / PORTO ALEGRE
Na disputa pelo 2º turno, PC do B e PT aumentam ataques no Sul
A petista Maria do Rosário critica Manuela D'Ávila por ter vice do PPS, partido opositor de Lula, e é acusada de ter chamado adversária de "filhinha de papai"
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Em uma versão à esquerda
da guerra entre tradicionais
opositores do governo Lula que
ocorre em São Paulo, em Porto
Alegre uma batalha opõe PT e
PC do B -integrantes da base
lulista- para chegar ao segundo turno da eleição municipal.
A candidata comunista, Manuela D'Ávila, acusou ontem os
petistas gaúchos, cuja candidata é a também deputada federal
Maria do Rosário, de, no passado, terem rasgado adesivos
com o nome do vice-presidente
José Alencar (PRB). Sobre o
PT, Manuela disse: "Defendi o
presidente Lula em momentos
em que muitos o atrapalharam.
Meu partido não atrapalhou".
Na semana passada, a campanha do PT conseguiu retirar
na Justiça menções a Lula na
propaganda do PC do B.
A comunista distribuiu ontem panfletos com o título
"Candidata Rosário, respeite os
mais jovens". Segundo o relato,
a petista falou a uma eleitora:
"Tu não podes votar numa guria de 27 anos. Ela é filhinha de
papai, nunca fez nada na vida".
Manuela, 27, disse que a concorrente cometeu "um deslize
lamentável e condenável".
A presença do prefeito, José
Fogaça (PMDB), no segundo
turno está quase assegurada.
Segundo o Datafolha, ele tem
35% das intenções de voto, seguido por Rosário (20%) e Manuela (18%), empatadas.
A temperatura na campanha
subiu nos últimos dias. O PC do
B acusa um militante petista de
agredir uma pessoa que vestia a
fantasia da boneca que simboliza Manuela. O site da campanha divulgou artigo do dirigente comunista Altamiro Borges,
que disse que Rosário "decidiu
baixar o nível da campanha".
Cobrada pela petista sobre a
presença dos comunistas na
prefeitura nos 16 anos em que o
PT governou a capital, domínio
encerrado na eleição de 2004,
Manuela respondeu: "A senhora conhece bem a hegemonia
de seu partido, onde todos os
diferentes eram excluídos".
Indagada ontem se o governo
federal reproduz tal política, a
comunista disse que "o PT de
Porto Alegre nega na essência o
que o presidente Lula faz", uma
gestão de alianças amplas.
O ex-prefeito Raul Pont (PT)
retrucou: "Manuela retirou o
vermelho, a foice e o martelo.
Faz uma campanha oportunista. O lugar deles [PC do B] era
conosco, não com o PPS". O vice de Manuela é o deputado estadual Berfran Rosado, do PPS,
sigla da oposição ao governo.
Na reta final, o PT busca descaracterizar Manuela como opção de esquerda. "Gosto de uma
frase do Brizola, que dizia que o
pior político é o redondo, aquele que não dá para pegar", disse
ontem Rosário. "Eu tenho lado.
Sou de esquerda, por isso minha candidatura é vermelha."
Manuela -cuja cor de campanha é o roxo-, Rosário e Fogaça se dividem sobre a presença de Lula no segundo turno.
"Ele vai estar aqui com a gente", disse a petista. Sua adversária lembra que "o PMDB também é da base". Fogaça duvida
da presença do presidente: "Ele
é um estadista, tem noção do
equilíbrio político sobre o qual
se sustenta seu governo".
Ontem à noite, o ministro
Orlando Silva (Esportes) disse
que "o coração do presidente"
bate pelo PC do B. "Sabe por
que o outro lado [o PT] não
trouxe o presidente Lula? Porque seu coração está com Manuela", disse ele, filiado ao PC
do B, em comício. No comício
que o PT fez no mesmo lugar,
na segunda, a promessa de Lula
no segundo turno também foi
feita pelo presidente nacional
do PT, Ricardo Berzoini.
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