São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / PORTO ALEGRE

Na disputa pelo 2º turno, PC do B e PT aumentam ataques no Sul

A petista Maria do Rosário critica Manuela D'Ávila por ter vice do PPS, partido opositor de Lula, e é acusada de ter chamado adversária de "filhinha de papai"

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Em uma versão à esquerda da guerra entre tradicionais opositores do governo Lula que ocorre em São Paulo, em Porto Alegre uma batalha opõe PT e PC do B -integrantes da base lulista- para chegar ao segundo turno da eleição municipal.
A candidata comunista, Manuela D'Ávila, acusou ontem os petistas gaúchos, cuja candidata é a também deputada federal Maria do Rosário, de, no passado, terem rasgado adesivos com o nome do vice-presidente José Alencar (PRB). Sobre o PT, Manuela disse: "Defendi o presidente Lula em momentos em que muitos o atrapalharam. Meu partido não atrapalhou".
Na semana passada, a campanha do PT conseguiu retirar na Justiça menções a Lula na propaganda do PC do B.
A comunista distribuiu ontem panfletos com o título "Candidata Rosário, respeite os mais jovens". Segundo o relato, a petista falou a uma eleitora: "Tu não podes votar numa guria de 27 anos. Ela é filhinha de papai, nunca fez nada na vida". Manuela, 27, disse que a concorrente cometeu "um deslize lamentável e condenável".
A presença do prefeito, José Fogaça (PMDB), no segundo turno está quase assegurada. Segundo o Datafolha, ele tem 35% das intenções de voto, seguido por Rosário (20%) e Manuela (18%), empatadas.
A temperatura na campanha subiu nos últimos dias. O PC do B acusa um militante petista de agredir uma pessoa que vestia a fantasia da boneca que simboliza Manuela. O site da campanha divulgou artigo do dirigente comunista Altamiro Borges, que disse que Rosário "decidiu baixar o nível da campanha".
Cobrada pela petista sobre a presença dos comunistas na prefeitura nos 16 anos em que o PT governou a capital, domínio encerrado na eleição de 2004, Manuela respondeu: "A senhora conhece bem a hegemonia de seu partido, onde todos os diferentes eram excluídos".
Indagada ontem se o governo federal reproduz tal política, a comunista disse que "o PT de Porto Alegre nega na essência o que o presidente Lula faz", uma gestão de alianças amplas.
O ex-prefeito Raul Pont (PT) retrucou: "Manuela retirou o vermelho, a foice e o martelo. Faz uma campanha oportunista. O lugar deles [PC do B] era conosco, não com o PPS". O vice de Manuela é o deputado estadual Berfran Rosado, do PPS, sigla da oposição ao governo.
Na reta final, o PT busca descaracterizar Manuela como opção de esquerda. "Gosto de uma frase do Brizola, que dizia que o pior político é o redondo, aquele que não dá para pegar", disse ontem Rosário. "Eu tenho lado. Sou de esquerda, por isso minha candidatura é vermelha."
Manuela -cuja cor de campanha é o roxo-, Rosário e Fogaça se dividem sobre a presença de Lula no segundo turno.
"Ele vai estar aqui com a gente", disse a petista. Sua adversária lembra que "o PMDB também é da base". Fogaça duvida da presença do presidente: "Ele é um estadista, tem noção do equilíbrio político sobre o qual se sustenta seu governo".
Ontem à noite, o ministro Orlando Silva (Esportes) disse que "o coração do presidente" bate pelo PC do B. "Sabe por que o outro lado [o PT] não trouxe o presidente Lula? Porque seu coração está com Manuela", disse ele, filiado ao PC do B, em comício. No comício que o PT fez no mesmo lugar, na segunda, a promessa de Lula no segundo turno também foi feita pelo presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini.


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