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STJ condena juiz a três anos de detenção
Paulo Theotonio Costa também será punido com a perda do cargo; cabe recurso da decisão no Supremo
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corte Especial do Superior
Tribunal de Justiça condenou
por unanimidade o juiz federal
Paulo Theotonio Costa a três
anos de prisão em regime aberto e à perda de cargo por corrupção passiva. O magistrado,
que se encontra afastado do
Tribunal Regional Federal da
3ª Região, com sede em São
Paulo, foi denunciado sob a
acusação de receber dinheiro
por uma sentença que proferiu,
em 1996, para beneficiar o grupo Bamerindus. Cabe recurso
da decisão no Supremo.
Theotonio Costa está afastado do cargo desde 2001, quando
o STJ recebeu outra denúncia,
em ação da qual foi absolvido,
sob acusação de favorecer narcotraficante. Voltou a ser afastado em dezembro de 2003.
O juiz usou o advogado Ismael Medeiros como "laranja"
em ação que permitiu ao Bamerindus receber crédito de R$
150 milhões do Banco Econômico, então sob intervenção judicial. Sem experiência nesses
casos, Medeiros -também
condenado ontem pelo STJ-
recebeu R$ 1,5 milhão do Bamerindus a título de "assessoria jurídica" específica na ação.
Theotonio Costa, após distribuir para si fraudulentamente
o processo, decidiu favoravelmente ao banco. Posteriormente, Medeiros fez dois "empréstimos" de R$ 686 mil às
construtoras Kroonna e Thema, empresas do juiz, com sede
em Campo Grande (MS).
Para o relator da ação penal
no STJ, ministro Fernando
Gonçalves, "o magistrado agiu
com dolo intenso (clara intenção), manchando o nome e a
dignidade da Justiça".
Além da perda do cargo e a
reclusão por três anos em regime aberto, o juiz foi condenado
ao pagamento de 36 dias-multa, calculados com base no salário-mínimo mensal vigente à
época dos fatos.
Em julho de 1999, a Folha revelou que Theotonio Costa
possuía um patrimônio que
contrastava com o padrão dos
juízes. O magistrado ajuizou
ação de indenização contra o
jornal, que obteve decisão favorável, da qual o juiz recorreu.
A Folha não conseguiu localizar os advogados Fernando
Neves e Rogério Marcoline,
que defendem o magistrado.
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