|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresa de José Alencar sofre investigação
Procuradoria suspeita que as doações da Coteminas para candidatos às eleições de 2006 infringiram o teto fixado em lei
Ministério Público protocola 154 representações contra 89 empresas e 65 pessoas físicas que teriam excedido os limites para as doações
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Coteminas, indústria da família do vice-presidente da República, José Alencar, está sendo investigada pela Procuradoria Regional Eleitoral de Minas
Gerais, por suspeita de doações
ilegais nas eleições de 2006.
Nesta quarta-feira, a Procuradoria protocolou 154 representações no Tribunal Regional Eleitoral contra 89 empresas e 65 pessoas físicas que teriam extrapolado os limites legais para doações a candidatos.
As empresas podem doar até
2% do faturamento bruto do
ano anterior à eleição. As pessoas físicas, até 10% da renda.
Por causa do sigilo fiscal, a Procuradoria não revela os valores
que excederam esses limites.
Porém, o valor total das doações está disponível no site do
Tribunal Superior Eleitoral.
A Coteminas, por exemplo,
doou, em 2006, R$ 405,5 mil
para a campanha de Cássio Cunha Lima (PSDB), governador
cassado da Paraíba. No Rio
Grande do Norte, doou, igualmente, R$ 150 mil para a candidata Wilma de Faria (PSB), governadora reeleita, e R$ 150 mil
para seu opositor, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB),
derrotado. A Coteminas informa que cumpriu a legislação.
Em 2007, quando ainda não
dispunha de dados consolidados do TSE alcançando doações de financiadores mineiros
a candidatos de outros Estados
nas eleições de 2006, a Procuradoria ofereceu 14 representações, a maioria julgada procedente pelo TRE-MG.
Numa delas, a Agropecuária
Rio do Norte S.A. foi multada
em R$ 14,7 milhões por doações ao ex-governador Newton
Cardoso (PMDB) e à sua ex-mulher, a deputada federal Maria Lúcia Cardoso (PSDB-MG).
As representações não alcançam os beneficiários das doações. A Construtora Bloco
Ltda., de Belo Horizonte, doou
R$ 200 mil para o então candidato petista ao governo da Bahia, Jaques Wagner.
Entre as doadoras à campanha de Aécio Neves (PSDB-MG) que teriam ultrapassado o
limite legal está a Construtora
Vale do Aço Ltda., com sede em
Santa Luzia (MG). De um total
de R$ 310 mil de doações, a empresa destinou R$ 250 mil ao
candidato tucano. A Algar S.A.
doou R$ 30 mil para a eleição
de Aécio, de um total de R$
550,6 mil distribuídos entre dezenas de candidatos (três doações, no total de R$ 101 mil, foram para comitês de campanha
para presidente da República).
A Lume Comunicações Ltda.,
também listada, fez contribuições, entre outros, aos candidatos João Magno de Moura, ex-deputado petista e um dos réus
do mensalão, e ao deputado federal Odair Cunha (PT-MG).
Entre as pessoas físicas, destaca-se Omar Resende Peres
Filho, que, segundo dados do
TSE, destinou à sua própria
candidatura a senador pelo
PDT R$ 383 mil, de um total de
R$ 413,1 mil aplicados nas eleições de 2006.
A deputada estadual Ana Maria Rezende Vieira, vice-líder
do PSDB na Assembleia Legislativa de Minas, fez doações no
total de R$ 311,2 mil -a maior
parte para sua própria campanha (nesse caso, não há limite).
Mas a parlamentar teria extrapolado ao fazer doações ao candidato Jairo Ataide Vieira, deputado federal (DEM-MG).
Segundo o procurador eleitoral José Jairo Gomes, autor das
ações, a minirreforma eleitoral
limitará esse tipo de rastreamento: "Foi um retrocesso. As
empresas agora podem fazer
doações ocultas aos partidos."
A lista resultou de informações do Tribunal Superior Eleitoral que, por meio de convênio
com a Receita Federal, cruzou
as prestações de contas dos
candidatos com declarações do
Imposto de Renda dos doadores. A procuradoria está pedindo a quebra do sigilo fiscal dos
doadores para definir o valor
das punições a serem aplicadas.
As multas podem ser de cinco a dez vezes o valor que ultrapassou o limite legal. As empresas também podem ser proibidas de contratar com o poder público durante cinco anos.
Texto Anterior: STF derruba liminar que parava ações de cassação Próximo Texto: Outro lado: Empresas dizem que seguiram limite legal Índice
|