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Governistas agem para derrubar voto contra
Venezuela no Mercosul
Após rejeição do relator na Comissão de Relações Exteriores, Jucá pede vistas e deve rejeitar parecer
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O apoio do presidente venezuelano Hugo Chávez a seu colega deposto em Honduras,
Manuel Zelaya, e um comportamento "fomentador de divisões" na América Latina levaram o senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) a recomendar a rejeição da entrada da Venezuela
no Mercosul. O governo reagiu
e deve derrubar o parecer.
"Hugo Chávez tem procurado aumentar sua influência regional com o concurso da renda
do petróleo. Porém, não como
fator de união e integração, mas
como elemento de discórdia",
disse Tasso, em parecer que leu
na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
"O governo brasileiro acredita que a infraestrutura e a logística para o retorno de Zelaya,
inclusive a escolha da embaixada brasileira para o destino final, tiveram a participação do
presidente venezuelano. Se foi
isso o que realmente ocorreu,
mais uma vez Chávez é responsável por dificuldades e embaraço ao governo brasileiro",
afirma o parecer.
Já aprovada pela Câmara, a
entrada da Venezuela no bloco
hoje formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai
precisa passar pela comissão
antes de seguir ao plenário. Em
razão de um pedido de vista do
líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), a votação ficou para 29 de outubro.
Jucá apresentará voto em separado favorecendo a entrada
do país, e a tendência é que seja
aprovado. O governo tem 12
dos 19 votos na comissão.
Em seu parecer, Tasso assume que privilegiou questões
políticas sobre as econômicas.
Além da interferência em assuntos regionais, Chávez "governa de forma quase ditatorial", de acordo com o tucano.
Ele elencou perseguição a
políticos de oposição, "desmonte do Judiciário" e perseguição à imprensa.
Fez também uma referência
a 2010 no Brasil, temendo que
Chávez se torne hostil ao país
caso a oposição ganhe a eleição.
Mas Tasso reconheceu também argumentos de peso pela
integração ao Mercosul. "A Venezuela é a terceira economia
da América do Sul e possui um
comércio pujante e crescente
com o Brasil. Sua entrada no
bloco o estenderia da Terra do
Fogo até o Caribe".
O senador afirmou que sua
ideia inicial era recomendar a
aprovação com ressalvas. "Mas
os últimos acontecimentos me
fizeram rever essa posição."
Em tese, o pedido de vista deveria ter encerrado a sessão,
mas o debate continuou, dando
a medida da temperatura da
polêmica. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que "lamentava" a posição de Tasso.
"V. Exa. ficou na análise das
questões do Chávez e esqueceu
do objetivo histórico da integração da América do Sul", disse Simon. "Claro que a OEA
[Organização dos Estados
Americanos] não quer, que os
norte-americanos não querem.
Não querem a integração sul-americana", afirmou.
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