São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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Para Lula, economia não explica derrota

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a interlocutores que julga um revés significativo a derrota de Marta Suplicy na eleição paulistana, mas não crê que sua política econômica ou fatores nacionais tenham influenciado negativamente a tentativa de reeleição da prefeita de São Paulo.
Lula avalia que o resultado das eleições no segundo turno, fase na qual o PT perdeu em capitais importantes, como São Paulo e Porto Alegre, não terá relação direta com a sucessão presidencial de 2006. Ele crê que sua sucessão, na qual deve ser candidato à reeleição, será influenciada por um julgamento de resultados na economia e na área social.
Dizendo-se "tranqüilo" e "satisfeito" com o desempenho dos partidos aliados ao governo nas eleições, Lula disse que discutirá já amanhã, em reunião da Coordenação de Governo, uma agenda de encontros com todos os prefeitos de capital e de cidades importantes eleitos no segundo turno e as prioridades de sua administração no Congresso.
Como antecipou à Folha no domingo, Lula deseja fazer um aceno ao PSDB, o principal partido de oposição e legenda que teve as maiores conquistas eleitorais no segundo turno. "Não quero discussão sobre 2006", disse ontem o presidente.
Na reunião da Coordenação de Governo, grupo que reúne seus principais ministros, Lula deixará claro que não deseja fazer discurso revanchista em relação aos tucanos, especialmente no que se referir a José Serra, eleito em SP.
Nesse contexto, pedirá ao ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, que faça os convites para audiências no Palácio do Planalto. Lula quer receber prefeitos eleitos de todos os partidos, seja de oposição, seja de situação.
Sobre as razões da derrota em São Paulo e em Porto Alegre, Lula vê mais motivações locais do que um suposto julgamento desfavorável à sua gestão na economia.
Como exemplo, o presidente diz que o PSDB e o PFL ameaçaram federalizar as eleições municipais no início do ano, mas abandonaram essa intenção quando a economia deu sinais de retomada. Para Lula, foi um reconhecimento de que falar mal do governo federal não renderia votos.
Mais: a interlocutores, o presidente lembra que Serra só falou mal dele quando Marta e petistas acusavam o governo de Fernando Henrique Cardoso de ser o pai da política de juros altos e do desemprego. Serra foi derrotado pelo atual presidente da República em 2002. Ou seja, se os críticos do PT à política econômica quiserem usar os resultados negativos do partido das eleições para minar o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), Lula não vai dar bola.
(KENNEDY ALENCAR)


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