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Motorista citado por revista tem cargo de confiança no gabinete de Palocci
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O motorista Éder Eustáquio
Soares Macedo, apontado pela revista "Veja" como a pessoa que
dirigiu o Omega preto em suposto
transporte de dinheiro doado por
Cuba para a campanha eleitoral
de Lula em 2002, ocupa cargo de
confiança no gabinete no ministro Palocci no Rio de Janeiro.
A Folha apurou que ele foi admitido como funcionário de confiança DAS-1 (Direção de Assessoramento Superior, nível 1), enquanto os demais motoristas terceirizados prestam serviço por intermédio de empresas contratadas em licitações públicas. A contratação foi feita por Brasília, para
atender a Palocci e aos secretários
do ministério durante suas viagens ao Rio de Janeiro.
Funcionários de carreira do Ministério da Fazenda ouvidos pela
Folha, estranharam a contratação
do motorista para atender o ministro em uma cidade que Palocci
pouco freqüenta. A praxe, segundo informaram, é que o ministro
seja atendido pelos motoristas
mais experientes.
Éder Macedo foi admitido em
2003 e só é obrigado a comparecer
ao trabalho quando requisitado.
Seu salário é de cerca de R$ 1.500
por mês. Como DAS-1, tem status
administrativo equivalente ao do
chefe dos motoristas do Ministério da Fazenda.
De acordo com especialistas, a
contratação do motorista para a
função é inadequada, embora não
haja impedimento legal.
A Folha indagou o Ministério
da Fazenda sobre a situação funcional de Éder Macedo e se ele era
o único caso de motorista contratado para cargo comissionado.
Até o fechamento desta edição,
não houve resposta do ministério.
Desde que foi citado pela ""Veja", Macedo desapareceu do trabalho. O chefe administrativo do
gabinete, José Florêncio, disse que
ele viajara para Brasília, na segunda-feira, a trabalho.
Como a versão foi contestada
pela própria assessoria do ministro -segundo a qual ele continuaria trabalhando, no Rio-
Florêncio disse que o motorista
teria ido a Brasília por conta própria ""para esfriar a cabeça". ""Para
ser franco, ele quer ficar livre de
jornalistas. (...) Se os graúdos evitam a imprensa, imagine o pobre
coitado", resumiu o funcionário.
O Macedo trabalhava como
motorista autônomo em São Paulo quando conheceu lideranças
petistas. Prestava serviço na locadora de carros Locablin, de Roberto Kurzweil, que alugou dois
automóveis -um Omega e um
Passat- para o PT durante a
campanha eleitoral de 2002.
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