São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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Painel

@ - Renata Lo Prete

Pé na estrada

José Dirceu colocou em marcha o plano com o qual pretende entregar ao Congresso, no primeiro trimestre de 2007, um pedido de anistia da perda de seus direitos políticos. Para que ele seja aceito como proposta de iniciativa popular, é necessário obter 1,2 milhão de assinaturas. O deputado cassado, descrito na denúncia do procurador-geral da República como chefe da quadrilha do mensalão, tem procurado as direções de sindicatos e de movimentos populares para engrossar a lista de signatários. Já conversou, entre outros, com o MST, que prometeu se engajar na coleta.
Aliados acreditam haver mais chances de Dirceu conseguir de volta sua elegibilidade na Câmara do que na ação em curso no Supremo Tribunal Federal.

Andou. O ministro-relator do inquérito do mensalão no STF, Joaquim Barbosa, apresentou questão de ordem que irá a julgamento em plenário no dia 9 para decidir se a apuração será desmembrada. Se for, os denunciados sem direito a foro privilegiado poderão ser julgados pela primeira instância -o que, em tese, aceleraria o processo.

Primeira vítima. Antes de o mundo vir abaixo com a declaração de Tarso Genro sobre o "fim da era Palocci", o núcleo "desenvolvimentista" do governo havia fechado um nome para o Banco Central: Demian Fiocca, ex-número dois de Guido Mantega e atual presidente do BNDES. Não que Lula fosse necessariamente topar, mas que estava combinado, estava.

Organizações. Depois do "dossiê Tabajara", a "conspiração Tabajara". Assim está sendo chamada em Brasília a combinação reservada dos "desenvolvimentistas" para o segundo mandato, que resultou no mau passo de Tarso Genro e na bronca de Lula.

Louro maldito. A fúria petista contra a mídia se abateu até sobre Ana Maria Braga. No site do partido, Angélica Fernandes, integrante do diretório nacional, acusa a apresentadora da Globo de ter usado preto no programa de segunda-feira em sinal de "luto" pela vitória de Lula. "Ela e grande parte da imprensa quiseram eleger o presidente no grito", protesta a militante.

Nos trilhos. Em nota, Cláudio Lembo (PFL) cumprimentou os funcionários da CPTM "pela atitude cívica, adulta e digna de não entrarem em greve", demonstrando "comprometimento com a prestação de serviço à sociedade". A categoria ameaçava parar os trens metropolitanos ontem, mas, depois de apelo do governo, decidiu aguardar a decisão do Judiciário.

Prévia. Depois do feriado, o PMDB fará reunião com seus sete eleitos nos Estados para a fim de discutir o embarque no governo Lula. O objetivo anunciado é "afinar o discurso" antes do encontro da sigla com o presidente.

Não conta. Turbinado pelo resultado das urnas, o PSB reivindica mais espaço no governo Lula, independentemente de Ciro Gomes vir a ocupar o Ministério da Saúde. Na cúpula, diz-se que ele é uma "personalidade", e que não representa o partido.

Fim de festa. Parlamentares governistas já foram avisados pelos emissários do Executivo: nem um tostão a mais será liberado em emendas até o final deste ano. As bondades foram todas distribuídas durante a campanha eleitoral. Agora, a ordem é apertar os cintos.

Visita guiada. O deputado federal eleito Bispo Rodovalho (PFL-DF) passeava ontem pelo Salão Verde da Câmara acompanhado de uma equipe de televisão da igreja Sara Nossa Terra, da qual é fundador. Deu entrevista e foi filmado conhecendo a Casa.

Visita à Folha. Mario Vitor Santos, diretor-executivo da "Casa do Saber", visitou ontem a Folha.

Tiroteio

"Waldomiro, mensalão, dossiê. O PT é mesmo um partido bem cuidado por suas lideranças".


Do deputado federal ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP), sobre Marco Aurélio Garcia, que, diante de uma pergunta de jornalistas, recomendou a estes que "cuidem de suas redações, que cuidamos do PT".

Contraponto

Primeira viagem

A ressaca da eleição e o feriado prolongado anteciparam o esvaziamento do Congresso no fim da semana. O Senado encerrou a sessão, não-deliberativa, antes das 17h de ontem. Com as luzes do plenário já apagadas, apenas Cristovam Buarque (PDT-DF) permanecia no cafezinho, dando entrevista. Foi quando chegou, todo animado, o recém-eleito Renato Casagrande (PSB-ES).
-Já por aqui? -, indagou um jornalista.
Estufando o peito e sorrindo, o calouro respondeu:
-Vim conhecer os senadores!
A confraternização entre colegas teve de se resumir a uma troca de cumprimentos com o pedetista.


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