São Paulo, segunda, 2 de novembro de 1998

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IMAGEM EXTERNA
Pesquisa de consultoria internacional mostra que 5 em cada 10 esperam desempenho ruim neste trimestre
Investidores dão avaliação negativa ao país

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

Cinco em dez investidores institucionais dos países ricos deram avaliação negativa para o desempenho da economia do Brasil no terceiro trimestre deste ano, enquanto os outros cinco ficaram neutros.
Esse é o principal resultado da Global Emerging Market Survey, pesquisa trimestral da Burson-Marsteller, grupo internacional de consultoria empresarial.
O objetivo é ouvir regularmente a opinião dos administradores de recursos de investidores institucionais (fundos de pensão e companhias de seguros) dos países desenvolvidos sobre os mercados emergentes.
Participam da pesquisa 50 instituições financeiras, responsáveis pela administração de um total de recursos da ordem de US$ 2,6 trilhões.
A pesquisa mostra que a situação da economia dos países emergentes teve a sua pior avaliação de todos os tempos no terceiro trimestre deste ano.
A avaliação foi negativa para 87% dos administradores e neutra para 13%. Foram analisadas todas as economias emergentes da América Latina, do Sudeste Asiático, do Oriente Médio e da África. No trimestre anterior, a avaliação foi negativa para 73% dos entrevistados e neutra para 27%.
A cada trimestre, a Burson-Marsteller destaca um país emergente para uma análise mais detalhada. Desta vez, o alvo das atenções foi o Brasil.
Os investidores institucionais disseram que a economia brasileira é fundamentalmente saudável e atribuíram as atuais dificuldades à crise de confiança no país.
A pesquisa foi realizada em meados de setembro, quando o Brasil aumentou a taxa de juros para quase 50% para fazer frente ao ataque especulativo contra o real e para conter a fuga de capitais na esteira do colapso da economia da Rússia e do aprofundamento da crise financeira do Japão.
Nesse contexto, os administradores qualificaram de insustentável o déficit fiscal do Brasil. Isso foi em grande parte responsável pela má avaliação do país.
A maioria dos investidores (70%) se manifestou contra uma desvalorização acentuada do real porque provocaria uma forte fuga de capitais.
Segundo os investidores, a desvalorização faria o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso perder credibilidade e enfraqueceria o Plano Real.
Embora a imagem do Brasil tenha saído arranhada no retrato tirado no terceiro trimestre deste ano, os investidores institucionais mostram confiança no país.
Para eles, a atual crise nos mercados emergentes tornou-se o maior teste enfrentado pelo Brasil desde o início da década.



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