São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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PAINEL

Monstro redivivo
Alberto Cardoso (Segurança Institucional) fará uma revisão de pessoal na Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Convenceu-se de que arapongas egressos do antigo SNI não só partiram para a produção independente como estão contaminando os agentes mais novos.

Espírito de corpo
O general Alberto Cardoso sentiu-se traído pelo coronel Ariel de Cunto, demitido anteontem da direção da Abin. Seu amigo de caserna, o coronel sabia da acusação de tortura que pesava sobre o agente Carlos Alberto Del Menezzi. Mas não lhe disse nada até o caso explodir.

Desinteligências
A crise na Abin deixou evidente que Alberto Cardoso tem inimigos dentro da agência. Os documentos vazados são internos. Seu prestígio já foi maior no Planalto, mas o general se entendeu com FHC sobre a reestruturação do serviço de inteligência.

Sua bênção
Após se entender com FHC e depor no Senado, o general Alberto Cardoso aproveitou para fazer uma rápida visita no gabinete de ACM para trocar idéias.

Amizade e fé
Mário Covas encontrou-se ontem com d. Paulo Evaristo Arns, internado para tratar de uma úlcera, num dos corredores do Instituto do Coração. Cumprimentaram-se com um beijo.

Propaganda enganosa
ACM está possesso com o líder do PT na Câmara, Aloizio Mercadante (SP). O petista havia prometido ao baiano que a oposição apoiaria a candidatura de Sarney à presidência do Senado. Só esqueceu de avisar que não havia combinado nada antes com os demais companheiros.

Problema do senhor
Aborrecido com Mercadante, ACM cobrou de um deputado do PT o apoio prometido e não cumprido à candidatura de José Sarney. "Cobre dele, que prometeu e não entregou a mercadoria", desconversou o petista.

Leque aberto
Presidente do PSDB, Teo Vilela abriu negociação com os governadores Ronaldo Lessa (AL) e João Capiberibe (AP). Quer que o PSB se junte a PMDB, PPS e PTB no apoio à candidatura de Aécio Neves (MG) à Câmara.

Parque dos Dinossauros
Permanecem inexplicáveis, ou são óbvias demais, as razões que levaram Lula a Cuba. Dizem más línguas que o PT preparou uma armadilha para tirar seu virtual candidato à Presidência do páreo e abrir a disputa interna para viabilizar outro nome.

Prêmio cacareco
Inteligências mais pragmáticas do PT estão espantadas com a capacidade do partido de queimar o ativo obtido há apenas um mês nas urnas. A candidatura açodada de Suplicy e a viagem desastrosa de Lula disputam o troféu da inconveniência.

Fé vermelha
João Pedro Stédile, Frei Betto e Leonardo Boff são alguns nomes esperados para o 1º Encontro Nacional de Fé e Política, que começa hoje em Santo André (SP). Setores da Igreja ligados às CEBs e à Teologia da Libertação querem criar fatos contra o crescimento dos carismáticos.

Sob tensão
Ambos ameaçados pelo narcotráfico, Jorge Viana (AC) e João Capiberibe (AP) vão se encontrar depois de amanhã em SP. Viana mandou reforçar sua segurança. Não se esquece de que Edmundo Pinto, então governador do Acre, foi assassinado em 92 num hotel paulistano.

Para bom entendedor
Comentário do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), sobre ACM articular seu nome para a presidência do Senado, após a desistência de José Sarney (PMDB-AP): "Não estou em campanha e não faço nada que possa prejudicar a base aliada".


TIROTEIO

De Teotonio Vilela Filho, presidente nacional do PSDB, sobre as especulações em torno das candidaturas de Artur da Távola (RJ) e de Lúcio Alcântara (CE) à presidência do Senado:
- Não existe mais hipótese de o PSDB ter candidato próprio à presidência do Senado, por mais méritos que esses companheiros possam ter. Isso já é matéria vencida.


CONTRAPONTO

Ovelha desgarrada

Marcos Cintra, que disputou a Prefeitura de São Paulo pelo PL, está deixando o partido. O deputado já acertou sua transferência para o PFL, sigla que o lançou na política.
O PL hoje é um partido ligado às igrejas evangélicas, sobretudo à Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo.
O partido abriga a maioria dos deputados e vereadores eleitos pelos evangélicos, que, aos poucos, estão assumindo cargos importantes na sua direção.
Economista, professor e diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Cintra conta a amigos, em tom de piada, que definiu de vez sua saída do PL ao ser abordado por um parlamentar.
O deputado, um representante do baixo clero no Congresso, tomou o elevador em que estava o economista. Simpático, não hesitou após cumprimentá-lo:
- Mas, meu caro pastor, como é que anda o nosso PL?!


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