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SONEGAÇÃO
Na Paraíba, onde medida já foi autorizada pela Justiça, deverão ser identificadas nove pessoas e 24 empresas
Ministério Público pede quebra de sigilos
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal está pedindo à Justiça em todos os
Estados que quebre o sigilo fiscal
das pessoas e das empresas que
movimentaram milhões de reais
em contas bancárias em 1998 e
são suspeitas de sonegar impostos. A quebra do sigilo já foi ordenada na Paraíba.
Os alvos são pessoas que não
declararam rendimentos à Receita ou disseram ser isentas. Também estão na lista empresas que
gozam de condição especial, por
serem consideradas imunes, isentas ou inativas, não declararam
seu faturamento ou são adeptas
do Simples (programa pelo qual
as empresas pagam um único tributo federal no lugar de vários).
Na Paraíba, deverão ser identificadas nove pessoas e 24 empresas
que movimentaram mais de R$ 5
milhões cada uma. A soma dos recursos operados é de R$ 520 milhões. A movimentação foi detectada em razão da incidência da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira)
sobre as operações financeiras.
Em São Paulo, o pedido deverá
estabelecer o limite de R$ 10 milhões. Nesse caso, a quebra do sigilo atingirá 89 pessoas e 1.225
empresas. O total da movimentação é de R$ 158,054 milhões.
Em todo o país, há 786 pessoas e
5.192 empresas que movimentaram mais de R$ 5 milhões. Nesse
universo, há tanto microempresas como empresas de grande
porte, como possivelmente fundos de pensão. No caso das pessoas físicas, a Receita considera
isentas todos os que receberam
até R$ 10.800. Há 45 empresas
com faturamento acima de R$ 1
bilhão. O MP acredita que algumas empresas são efetivamente
sonegadoras e outras estão em situação regular, porque têm grande faturamento, mas desfrutam
de imunidade tributária.
Esses dados foram fornecidos
pela Receita ao Ministério Público
e são relativos a 1998. O levantamento de 1999 foi descartado porque o recolhimento da contribuição só ocorreu a partir de junho.
Com essa iniciativa, o Ministério Público antecipa-se à eventual
aprovação de lei proposta para facilitar a quebra de sigilo pela Receita, uma das medidas de aumento da arrecadação que compensariam a elevação do salário
mínimo para R$ 180.
O objetivo dos procuradores
que aprovaram essa investigação
é obter, neste primeiro momento,
o nome e os dados pessoais de
pessoas e empresas e a relação de
bancos em que elas operam. Depois, eles deverão pedir à Justiça a
quebra do sigilo bancário para
que as instituições financeiras informem a origem dos recursos. A
quebra dos sigilos bancário e fiscal depende de autorização judicial. Todas essas investigações serão utilizadas para a preparação
de inúmeras ações penais contra
supostos sonegadores.
A expectativa dos procuradores
é que, a exemplo da 1ª Vara Federal da Paraíba, os juízes federais
dos outros Estados que receberem esses pedidos ordenem à Receita Federal que forneça as informações requeridas.
A apuração foi aprovada por
seis subprocuradores-gerais da
República que integram as câmaras do órgão responsável por investigações criminais e defesa do
patrimônio público e social.
Inicialmente, eles pediram as
informações diretamente à Receita. O secretário do órgão, Everardo Maciel, prestou informações
sobre dados gerais, sem a identificação dos nomes em razão do sigilo fiscal. Os procuradores decidiram então buscar a quebra do
sigilo na Justiça Federal.
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