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ESTADOS
Executivo, rompido com o Legislativo, entra em choque com o Judiciário
Amapá retoma crise institucional
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA
A prisão do chefe da Imprensa
Oficial, Albino de Souza, por ordem da juíza Alaíde Maria de
Paula Lobo, detonou nova crise
institucional no Amapá anteontem que pode gerar um pedido de
intervenção federal no Estado.
O governador João Alberto Capiberibe (PSB) considerou a prisão de seu assessor, na Penitenciária do Estado, um abuso de autoridade e mandou o diretor do
presídio, Cícero Alves da Silva,
soltar o preso. Souza havia sido
preso por descumprir ordem judicial de publicação dos atos da
Assembléia Legislativa.
Em consequência da ordem do
governador, a juíza declarou Souza foragido e determinou a prisão
do diretor da penitenciária por facilitar sua fuga. Alves, detido pela
Polícia Federal, foi solto oito horas depois mediante o pagamento
de uma fiança de R$ 5.000. Na
confusão que se arrastou até as
22h, o fórum foi cercado pela PM
e oficiais de Justiça foram expulsos do Palácio do Governo.
"Está instalado o caos institucional no Amapá. Infelizmente, o
nosso governador usurpou da
competência dele, invadiu a competência do Poder Judiciário e se
postou de forma totalmente autoritária", disse ontem a juíza.
Capiberibe afirmou que tem o
direito de manter Souza sob sua
custódia porque ele não é um criminoso. "O Amapá vive uma disputa pelo poder. O estado de direito foi para a cucuia porque alguns membros do Judiciário se
aliaram aos deputados que são
acusados de traficar drogas e de
formar quadrilha", disse.
Ele declarou que vai entrar com
ação de suspeição contra cinco
desembargadores do Tribunal de
Justiça. Os cinco compõem a comissão mista (desembargadores e
parlamentares) encarregada de
analisar o processo de impeachment de Capiberibe por improbidade administrativa.
Ontem à tarde, desembargadores, juizes e deputados da oposição fizeram um ato público em
frente ao fórum em repúdio.
Para a juíza Alaíde, as ações do
governador justificam um pedido
da Justiça de intervenção federal
no Executivo do Amapá. O pedido tem que ser encaminhado pelo
presidente do Tribunal de Justiça,
Luis Carlos Gomes dos Santos,
que ontem estava fora.
"Se alguém tem legitimidade
para pedir isso sou eu. Posso pedir interferência no Tribunal de
Justiça e na Assembléia, mas só
farei isso como último recurso",
disse Capiberibe.
O governador acha que a solução do problema institucional do
Amapá está na cassação dos deputados Jorge Salomão (PFL),
Paulo José (PFL) e Fran Soares Júnior (PMDB), seu rival e presidente afastado da Assembléia.
"Com o relatório da CPI do
Narcotráfico, posso demonstrar
com provas que é impossível governar um Estado com o Legislativo dominado por traficantes e
membros de quadrilha", disse Capiberibe. Os três negam todas as
acusações e acusam o governador
de ser "autoritário".
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