São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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RIO DE JANEIRO
OAS, responsável pelas obras da Linha Amarela, doou R$ 400 mil para Conde e o mesmo valor para Maia
Empreiteira é maior doador de campanha

DA SUCURSAL DO RIO

A empreiteira OAS, responsável pela construção da Linha Amarela, via expressa que liga as zonas norte e oeste do Rio de Janeiro, foi o principal doador individual das campanhas do prefeito eleito, Cesar Maia (PTB), e do atual, Luiz Paulo Conde (PFL). Cada um recebeu R$ 400 mil.
A construção da Linha Amarela, que começou na primeira gestão de Maia (1993-1996) e terminou na de Conde (1997-2000), foi polêmica. Licitada por R$ 210 milhões, a obra custou pelo menos R$ 74 milhões a mais, segundo levantamento feito por uma comissão do Clube de Engenharia.
Em 1996, tanto Maia quanto Conde foram acusados pelo atual presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), de favorecerem a OAS na obra. Durante a campanha deste ano, Maia acusou Conde de ter aceito uma proposta da OAS para concluir a via por uma quantia adicional de R$ 100 milhões -quando um parecer sugeria que o valor máximo fosse de R$ 27 milhões.
Pela prestação encaminhada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio, o prefeito eleito, Cesar Maia (PTB), recebeu R$ 1.806.073,60 em doações -o limite previsto previamente foi de R$ 4,5 milhões. Além dos R$ 400 mil recebidos da OAS, Maia recebeu outros R$ 400 mil do deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (PSDB), adversário do petebista no primeiro turno.
Boa parte das contribuições recebidas pelo prefeito eleito foram de construtoras, imobiliárias e empresas que têm negócios no setor hoteleiro. Essas doações ultrapassaram R$ 680 mil -entre elas estão doações da rede de hotéis Othon (R$ 40 mil) e da construtora imobiliária Gafisa (R$ 40 mil).
Conde foi mais beneficiado por contribuições desse setor. Ele recebeu mais de R$ 2,1 milhões -superior ao total gasto por Maia na campanha, segundo sua prestação de contas.
Uma das polêmicas da eleição no Rio foi uma lei -defendida por Conde e criticada por Maia e Coelho- que facilitava a construção de apart-hotéis na cidade.
Além das doações de construtoras, imobiliárias e empresas com negócios no setor hoteleiro, outras contribuições importantes para a campanha de Maia foram da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), de R$ 150 mil, da Bolsa de Valores do Rio, de R$ 100 mil, do grupo Pão de Açúcar, de R$ 48.225, da Brasif (que administra as lojas de Free Shop), de R$ 70 mil, e da Piraquê, de R$ 50 mil.
Entre os gastos de Maia estão R$ 678 mil com propaganda e publicidade e R$ 40 mil com cachê de artistas. Embora o prefeito usasse as pesquisas do instituto GPP, na prestação de contas a informação é de que não ocorreram despesas nessa área.

Análise das contas
Segundo a prestação de contas encaminhada pelo atual prefeito Luiz Paulo Conde (PFL), sua campanha recebeu R$ 4.635.270 -menos do que o limite de R$ 6 milhões que havia sido estipulado inicialmente.
Entre os principais doadores individuais para a campanha de Conde estão o grupo financeiro Icatu (R$ 400 mil) e a ABS empreendimentos Imobiliários (R$ 300 mil). A Rede Nacional de Shopping Centers, a Carvalho Hosken Engenharia e a Novo Hamburgo Seguros e Serviços Gerais deram R$ 250 mil.
Entre os gastos de campanha, Conde usou R$ 1,082 milhão para propaganda e publicidade, R$ 692 mil para pesquisas eleitorais e nenhum centavo com cachê de artistas -embora vários grupos tenham animado seus showmícios.
As prestações de contas dos dois candidatos ainda não foram aprovadas pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio.
O juiz Roberto Felinto tem até oito dias antes da diplomação do prefeito eleito (dia 14 de dezembro) para fazê-lo. As documentações encaminhadas pelos candidatos estão sendo analisadas por auditores do tribunal.


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