São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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RUMO A 2002
Diretriz do partido pode ser aprovada amanhã
PT deve fixar junho como limite a inscrição em prévia presidencial

DA REPORTAGEM LOCAL

O PT deve aprovar amanhã resolução apontando junho do próximo ano como data-limite para as inscrições às prévias internas que irão definir seu candidato à Presidência em 2002.
A medida deve levar Lula a adiar o anúncio de sua decisão sobre ser ou não candidato pela quarta vez à Presidência. O líder petista tinha intenção de dar uma definição até março.
Já o senador Eduardo Suplicy (SP) informará amanhã ao partido, de forma oficial, que vai se inscrever nas inéditas prévias internas para presidente.
Há no partido um movimento para postergar o debate sobre a eleição, deflagrado pelo desejo de Suplicy de ser candidato, anunciado em entrevista à Folha.
O PT espera que Lula se inscreva nas prévias somente no final do prazo estipulado.
"Estamos estabelecendo este calendário, fixando o prazo até junho, para dar tempo ao Lula de se adequar ao cronograma do partido", diz o deputado João Paulo Cunha, um dos maiores defensores de que Lula adie sua decisão.
Cunha considera que no início do ano que vem as atenções estarão voltadas às novas administrações municipais do partido e que Lula estaria correndo o risco de se desgastar desnecessariamente ao se lançar com tanta antecedência.
A prévia em si, segundo José Dirceu, presidente da legenda, ocorreria entre o último trimestre de 2001 e o trimestre seguinte.
Uma idéia é fazer a escolha em conjunto com a eleição direta para presidente do partido, que deve ocorrer no final do ano que vem.
"Fazer a prévia junto com a eleição seria mais prático para nós. Mas isso ainda vai ser definido."
A data exata da eleição interna será definida em nova reunião do Diretório Nacional, a ser realizada até maio de 2001.
A aprovação desse calendário deverá constar das resoluções finais da reunião do diretório nacional, que tem 84 integrantes.
"A prévia tem de ser feita no final do ano que vem ou, no máximo, no início de 2002. Porque, se demorar muito, Lula vai acabar sendo candidato por inércia", diz Marco Aurélio Garcia, secretário de Relações Internacionais do PT.
A tese de Garcia, partilhada por muitos dentro do partido, é de que candidatos que não tenham o nível de "exposição" de Lula precisariam de ao menos um ano antes da eleição para viabilizar suas campanhas.
Em 1998, Lula demorou a deixar claro suas intenções, o que acabou inviabilizando outros nomes dentro do partido.
O líder petista, que retornaria ontem de viagem a Cuba, também deve participar da reunião e presenciar o anúncio de Suplicy. O senador tem tido o cuidado de dizer que não está sendo candidato por ser "contra o Lula".
Hoje, o partido deverá aprovar também seu novo estatuto, que prevê eleições diretas para presidente. (FÁBIO ZANINI E THOMAS TRAUMANN)


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