São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2001

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Licitação é manipulada, diz produtor

DA ENVIADA ESPECIAL AO MARANHÃO

O presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Limeira (Bacabal), Joel Teixeira de Souza, disse que as licitações para contratação de empreiteiras do programa Comunidade Viva estariam sendo manipuladas pela gerência regional do Estado.
Segundo ele, no ano passado a associação conseguiu um sistema simplificado de abastecimento de água (poço artesiano, lavanderia e dois banheiros). Pelas regras do programa, caberia à entidade fazer a licitação para as obras.
""Numa noite, o pessoal da gerência chegou com a papelada para eu assinar. Recebi, ao mesmo tempo, o edital da carta-convite, as propostas de três empresas e o contrato da firma vencedora. A empresa indicada demorou nove meses para entregar a obra, que é de péssima qualidade", afirmou.
O gerente de Bacabal, Jurandir Lago Filho, justificou a indicação dizendo que a tabela de preços do Comunidade Viva é tão baixa que é difícil encontrar empresas para fazer as obras.
Vicente Souza Neto, da União de Produtores Rurais de Luiziânia, disse que os eleitores do prefeito de Bacabal, José Lins Vieira (PSDB), adversário de Lago Filho, são excluídos do projeto de melhoria de casas do Comunidade Viva. O gerente afirma que os beneficiados são indicados pelas próprias associações.

Sem energia
Durante seis dias, a reportagem da Folha visitou municípios e povoados ao longo da rodovia que liga Teresina (no Piauí, divisa com o Maranhão) a São Luís. No trajeto, há projetos que dependem de energia elétrica construídos em áreas sem eletricidade.
É o caso do projeto de criação de vacas leiteiras no povoado de Batalha, a 40 km de Caxias. A energia está a 3,2 km de distância.
O presidente da Associação dos Produtores Agrícolas de Batalha, João Pereira Gomes, disse que as obras estão prontas, o pasto está plantado e o kit para inseminação artificial, guardado, mas as vacas só chegarão quando houver energia. O projeto custou R$ 59,2 mil.
João Gomes diz que o deputado federal Paulo Marinho (PFL) lhe ofereceu o projeto para criação de vacas. ""Ele chamou os presidentes de cinco associações à sua rádio, em Caxias, e disse: tenho uma coisa muito boa para vocês."
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chapadinha, Luiz Benvinda (vereador pelo PC do B), diz que os deputados organizam as associações.
""Eles criam as associações a cada sete quilômetros, porque esta é a extensão máxima dos projetos de eletrificação e de recuperação de estradas permitida pelo Comunidade Viva." Em Codó, há 220 associações cadastradas.




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