São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2001

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QUESTÃO DE GÊNERO

Ser mulher ajuda, afirmam prefeitas

Fenômeno Roseana vira tema de encontro de administradoras municipais em spa paulista

RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL

As palavras pareciam extraídas de um comercial de Roseana Sarney. No Primeiro Encontro de Prefeitas de São Paulo, predominou a exaltação ao "jeito feminino de administrar", que combinaria maior "transparência" e "sensibilidade para o social".
Dos 645 municípios do Estado, 27 são dirigidos por mulheres. Onze compareceram ao evento, realizado terça e quarta-feira passadas em um spa localizado entre as cidades de Itatiba e Morungaba, a 100 km da capital.
Marta Suplicy não foi. Vereadoras do interior completaram a audiência, que discutiu desde o Estatuto da Cidade até a "inteligência hormonal feminina".
De prefeitas e palestrantes, ouviu-se que a mulher "é mais honesta" que o homem, administrando o município "como a casa dela". "Mãezona da cidade", "desempenha melhor o relacionamento humano", sabendo "falar "não" de forma menos agressiva".
Várias manifestaram entusiasmo com o crescimento da governadora do Maranhão nos levantamentos de intenção de voto para a sucessão presidencial.
No caso de Conceição de Souza, 67, prefeita de Guararema, a questão de gênero prevalecerá sobre a partidária. Embora filiada ao PSDB, ela já decidiu que Roseana Sarney, do PFL, terá seu voto se for candidata.
Terezinha Salesse, 37, administradora de Bento de Abreu, é outra tucana a ver com bons olhos a participação da pefelista, "que ainda vai enfrentar muito machismo", na disputa do ano que vem. Mas não votaria nela. "Sou muito partidária."
A opinião de Maria Ivanete Ernandes, 48, deve agradar os marqueteiros de Roseana. "Só a conheço pela televisão", diz a prefeita de Guapiaçu (PSDB). "Não sei como ela administra. Mas, pela propaganda, deve ser bem."
No entanto, pensa que ainda é cedo para a governadora tentar o Palácio do Planalto. "A mulher é um pouquinho mais frágil. Ela deveria ser vice uma vez, como eu fui, para aprender."
Como as demais, Maria Inês Freire, 46, acha que a condição de mulher tem ajudado Roseana a obter simpatia do eleitor. "Ajudou a mim", reconhece a prefeita de Ribeirão Pires, do PT.
Na contramão das colegas, ela não enxerga característica específica de administrações femininas. "Roseana representa os setores conservadores da sociedade", afirma: "O fato de ser mulher não muda isso em nada".

Preferência em números
A identificação de prefeitas com a pré-candidatura da governadora do Maranhão encontra respaldo nos resultados da mais recente pesquisa Datafolha, que a aponta em segundo lugar, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A intenção de voto na pefelista é maior entre as mulheres, e se acentua em determinados segmentos do eleitorado feminino.
Entre os homens mais jovens (de 16 a 24 anos), Lula obtém 37%, e Roseana, 16%. Com as mulheres da mesma faixa etária, ele registra 29%, e ela, 24%.
A margem de erro da pesquisa, divulgada há uma semana, é de dois pontos percentuais.
Eleitores do Sudeste dão 30% ao pré-candidato do PT e 12% à do PFL. Com eleitoras dessa região, ele recua para 22%, e ela avança para 17%.
Entre homens com ensino superior completo ou em andamento, Lula registra 34%, e Roseana, 18%. Entre mulheres com igual escolaridade, o petista fica com 32% das intenções de voto, e a pefelista sobe para a 26%.
Por fim, Lula tem 32% entre homens de regiões metropolitanas, contra 16% de Roseana. Com mulheres, a diferença cai pela metade: 28% para ele, e 20% para ela.


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