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Cúpula petista decide manter o
apoio a governador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A cúpula do PT e do governo
avaliam que, por ora, não há
"fato novo" que justifique
abandonar politicamente o governador de Roraima, Flamarion Portela, suspeito de estar
ligado a esquema de desvio de
verba por meio da folha de pagamento do Estado.
"O PT apóia as investigações
do Ministério Público e da Polícia Federal. Não vai proteger
ninguém. Se surgir um fato novo [em relação a Flamarion], o
PT examinará [se mantém o
apoio]", diz o presidente do
partido, José Genoino.
Apesar do discurso da cúpula
do PT e do governo, a Folha
apurou que há apreensão no
partido e no Palácio do Planalto em relação ao desenrolar do
caso. Se surgirem evidências
concretas contra Flamarion, a
cúpula do partido e do governo
retirará seu apoio político.
No Planalto, um auxiliar de
Luiz Inácio Lula da Silva afirma
que o presidente tem a mesma
opinião de Genoino sobre a situação de Flamarion. "Até o
momento não surgiu nada de
concreto contra o Flamarion,
que demitiu pessoas envolvidas no caso", afirma Genoino.
A Polícia Federal reforçou a
segurança em todas as saídas
do Estado, principalmente as
que fazem fronteira com a Venezuela e a Guiana, segundo o
Ministério Público. O cerco envolveria 240 policiais federais.
A eventual prisão de Flamarion, também suspeito de envolvimento nas irregularidades, dependerá de ordem do
STJ (Superior Tribunal de Justiça), por causa do foro privilegiado. O órgão informou ontem que ainda não havia recebido nenhum pedido.
Filiação
A direção nacional do PT e o
Planalto envolveram-se diretamente na filiação do governador de Roraima, que ocorreu
em 19 de março. Meses antes,
em dezembro, o secretário de
Organização do PT, Sílvio Pereira, ao lado do coordenador
do partido para a Amazônia,
João Batista, viajou até Roraima para formalizar o convite.
Flamarion foi eleito pelo PSL.
Contou com o apoio do PT para a eleição, em outubro de
2002, e pediu votos para Lula
no Estado. Desde setembro do
ano passado, no entanto, a
"operação gafanhoto" já tinha
vindo a público, com reportagem da Folha.
Após eleito, Flamarion encontrou-se com a equipe de
transição do governo Lula. Foi
recebido por José Dirceu, hoje
ministro da Casa Civil. O presidente nacional do PT, José Genoino, diz que as direções federal e estadual participaram das
articulações, mas que o convite
foi feito pelo Diretório Estadual
e aprovado pelo nacional.
"Ele [Flamarion] já havia manifestado anteriormente que
gostaria de ir para o PT. Como
não houve nenhuma crítica do
diretório local, que o convidou,
a direção nacional aprovou",
disse Genoino.
Genoino afirma que, até prova em contrário, o PT apóia
Flamarion. O presidente do PT
de Roraima, Titonho Beserra,
vai além e atesta que o governador não está envolvido no caso.
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