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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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Cúpula petista decide manter o apoio a governador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula do PT e do governo avaliam que, por ora, não há "fato novo" que justifique abandonar politicamente o governador de Roraima, Flamarion Portela, suspeito de estar ligado a esquema de desvio de verba por meio da folha de pagamento do Estado.
"O PT apóia as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. Não vai proteger ninguém. Se surgir um fato novo [em relação a Flamarion], o PT examinará [se mantém o apoio]", diz o presidente do partido, José Genoino.
Apesar do discurso da cúpula do PT e do governo, a Folha apurou que há apreensão no partido e no Palácio do Planalto em relação ao desenrolar do caso. Se surgirem evidências concretas contra Flamarion, a cúpula do partido e do governo retirará seu apoio político.
No Planalto, um auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva afirma que o presidente tem a mesma opinião de Genoino sobre a situação de Flamarion. "Até o momento não surgiu nada de concreto contra o Flamarion, que demitiu pessoas envolvidas no caso", afirma Genoino.
A Polícia Federal reforçou a segurança em todas as saídas do Estado, principalmente as que fazem fronteira com a Venezuela e a Guiana, segundo o Ministério Público. O cerco envolveria 240 policiais federais.
A eventual prisão de Flamarion, também suspeito de envolvimento nas irregularidades, dependerá de ordem do STJ (Superior Tribunal de Justiça), por causa do foro privilegiado. O órgão informou ontem que ainda não havia recebido nenhum pedido.

Filiação
A direção nacional do PT e o Planalto envolveram-se diretamente na filiação do governador de Roraima, que ocorreu em 19 de março. Meses antes, em dezembro, o secretário de Organização do PT, Sílvio Pereira, ao lado do coordenador do partido para a Amazônia, João Batista, viajou até Roraima para formalizar o convite.
Flamarion foi eleito pelo PSL. Contou com o apoio do PT para a eleição, em outubro de 2002, e pediu votos para Lula no Estado. Desde setembro do ano passado, no entanto, a "operação gafanhoto" já tinha vindo a público, com reportagem da Folha.
Após eleito, Flamarion encontrou-se com a equipe de transição do governo Lula. Foi recebido por José Dirceu, hoje ministro da Casa Civil. O presidente nacional do PT, José Genoino, diz que as direções federal e estadual participaram das articulações, mas que o convite foi feito pelo Diretório Estadual e aprovado pelo nacional.
"Ele [Flamarion] já havia manifestado anteriormente que gostaria de ir para o PT. Como não houve nenhuma crítica do diretório local, que o convidou, a direção nacional aprovou", disse Genoino.
Genoino afirma que, até prova em contrário, o PT apóia Flamarion. O presidente do PT de Roraima, Titonho Beserra, vai além e atesta que o governador não está envolvido no caso.


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