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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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OPERAÇÃO ANACONDA

Norma Cunha corria riscos em São Paulo, segundo pedido da PF

Justiça autoriza e polícia leva ex-auditora para o DF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-auditora da Receita Federal Norma Regina Emílio Cunha foi transferida ontem da carceragem da Polícia Federal em São Paulo para uma cela em Brasília.
Um forte esquema de segurança acompanhou o desembarque de Norma às 18h30 no hangar da PF, no aeroporto da capital federal.
A autorização da mudança foi dada pela desembargadora Therezinha Cazerta, do Tribunal Regional Federal em São Paulo, atendendo a pedido da PF.
Segundo a alegação da polícia, endossada pelo Ministério Público Federal, Norma corria riscos se permanecesse presa ao lado de outros oito integrantes (entre eles o seu ex-marido, o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos) da suposta quadrilha envolvida na venda de sentenças judiciais e facilidades em inquéritos.
A ex-auditora, detida em São Paulo desde o último dia 30 de outubro, é um dos alvos da Operação Anaconda, investigação promovida há mais de um ano e meio pela PF e pela Procuradoria da República para desbaratar o suposto esquema de corrupção que envolveria membros do Judiciário, empresários e policiais.
De acordo com a denúncia dos procuradores da República, Norma faria parte do grupo de auxiliares da quadrilha. Eles fariam a ponte entre o alto escalão da Justiça e da PF e os envolvidos em inquéritos, a quem ofereciam os serviços como liberação de cargas, benefícios judiciais etc..
Durante buscas no apartamento da ex-auditora, a PF apreendeu US$ 550 mil, que na versão dela eram o resultado da venda de imóveis no exterior. Além disso, os policiais tiveram acesso a gravações de conversas telefônicas, feitas pela própria Norma, em que ela discute com o ex-marido.
O advogado Paulo Esteves diz que a decisão de transferir a sua cliente "é irracional" e que tentará mudar a decisão da desembargadora Cazerta.
A alegação de que a vida dela corre risco é vaga, segundo Esteves, porque não diz quem poderia ser o eventual agente de ameaças. A transferência, afirma, também fere o princípio legal de que o réu deve ficar no distrito da culpa.
Para ele, a ida para Brasília é irracional porque, caso a denúncia contra Norma seja aceita, o processo tramitará em São Paulo e ele terá de viajar para interrogatório.


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