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OPERAÇÃO ANACONDA
Norma Cunha corria riscos em São Paulo, segundo pedido da PF
Justiça autoriza e polícia
leva ex-auditora para o DF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-auditora da Receita Federal Norma Regina Emílio Cunha
foi transferida ontem da carceragem da Polícia Federal em São
Paulo para uma cela em Brasília.
Um forte esquema de segurança
acompanhou o desembarque de
Norma às 18h30 no hangar da PF,
no aeroporto da capital federal.
A autorização da mudança foi
dada pela desembargadora Therezinha Cazerta, do Tribunal Regional Federal em São Paulo,
atendendo a pedido da PF.
Segundo a alegação da polícia,
endossada pelo Ministério Público Federal, Norma corria riscos se
permanecesse presa ao lado de
outros oito integrantes (entre eles
o seu ex-marido, o juiz federal
João Carlos da Rocha Mattos) da
suposta quadrilha envolvida na
venda de sentenças judiciais e facilidades em inquéritos.
A ex-auditora, detida em São
Paulo desde o último dia 30 de outubro, é um dos alvos da Operação Anaconda, investigação promovida há mais de um ano e meio
pela PF e pela Procuradoria da
República para desbaratar o suposto esquema de corrupção que
envolveria membros do Judiciário, empresários e policiais.
De acordo com a denúncia dos
procuradores da República, Norma faria parte do grupo de auxiliares da quadrilha. Eles fariam a
ponte entre o alto escalão da Justiça e da PF e os envolvidos em inquéritos, a quem ofereciam os
serviços como liberação de cargas, benefícios judiciais etc..
Durante buscas no apartamento da ex-auditora, a PF apreendeu
US$ 550 mil, que na versão dela
eram o resultado da venda de
imóveis no exterior. Além disso,
os policiais tiveram acesso a gravações de conversas telefônicas,
feitas pela própria Norma, em que
ela discute com o ex-marido.
O advogado Paulo Esteves diz
que a decisão de transferir a sua
cliente "é irracional" e que tentará
mudar a decisão da desembargadora Cazerta.
A alegação de que a vida dela
corre risco é vaga, segundo Esteves, porque não diz quem poderia
ser o eventual agente de ameaças.
A transferência, afirma, também
fere o princípio legal de que o réu
deve ficar no distrito da culpa.
Para ele, a ida para Brasília é irracional porque, caso a denúncia
contra Norma seja aceita, o processo tramitará em São Paulo e ele
terá de viajar para interrogatório.
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