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BC BLINDADO
PSDB e PFL permitiram aprovação da decisão por voto simbólico
Câmara estende foro especial a todos os presidentes do BC
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Plenário da Câmara na votação da MP que concedeu status de ministro aos presidentes do BC |
RANIER BRAGON
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados estendeu ontem a todos os ex-presidentes do Banco Central o foro
privilegiado concedido pelo governo a Henrique Meirelles. Isso
significa que 13 ex-presidentes da
instituição que sofrem diversos tipos de processos na Justiça só poderão ser julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A extensão do foro privilegiado
foi adotada por meio de uma
emenda do deputado Miro Teixeira (PPS-RJ) à medida provisória que concedeu status de ministro a Meirelles, que teve sua votação concluída ontem na Câmara.
PSDB e PFL se declararam formalmente contra a emenda, mas
o fato é que não houve resistência
como na votação do mérito da
proposta, já que a extensão beneficia colaboradores da gestão tucana. A votação foi simbólica.
Levantamento publicado em
agosto pela Folha mostra que 36
ex-dirigentes do BC enfrentam
ações de diversos tipos na Justiça
em decorrência de decisões tomadas no exercício do cargo. Desses,
13 são ex-presidentes do BC.
O mapa da votação de ontem,
quando foi aprovado o texto principal da MP por 253 votos a favor,
145 contra e 4 abstenções, mostra
que a medida foi a iniciativa do
Planalto que sofreu a maior oposição do PT desde a posse de Lula,
superando projetos polêmicos
como as reformas previdenciária
e tributária e os reajustes do salário mínimo. Foram 28 votos contrários numa bancada de 90 deputados. Outros sete que votaram
a favor da MP, sob o argumento
da "defesa do governo", divulgaram manifesto considerando-a
um "equívoco jurídico e político".
"Discordo dos deputados que
não votaram com a bancada.
Mesmo com as divergências, a
bancada teria que dar uma demonstração de solidariedade política ao presidente Lula", afirmou
José Genoino, presidente nacional da legenda, acrescentando
que tratará da questão de forma
"política", e não administrativa.
Ou seja, a rebelião de ontem não
resultará em punição, ao contrário de 2003, quando o partido expulsou quatro congressistas.
A decisão da bancada petista de
apoiar a MP foi tomada em uma
reunião tensa em que a tese pró-governo venceu pela estreita margem de três votos: 26 a 23. O líder
do governo na Câmara, Professor
Luizinho (PT-SP), disse que votos
contra sinalizariam rompimento
com o governo. A ala governista
saiu da reunião dizendo que a decisão era toda a bancada votar a
favor da MP. Ontem, Luizinho se
esquivou de comentar a rebelião,
afirmando que o problema era do
líder da bancada, Arlindo Chinaglia (SP), que não foi encontrado
para falar sobre o assunto.
"O resultado mostra que há
uma parcela significativa da bancada que não está mais disposta a
aceitar propostas que ferem a ética", afirmou Ivan Valente (SP).
O PMDB, que ameaça abandonar a base governista, deu 37 votos a favor (48,7% da bancada).
Foram 15 votos contra e 21 ausências, a maior, proporcionalmente,
entre as grandes legendas da base.
Após a votação da MP na Câmara,
os governistas afirmaram que seria mais simples votar as demais
-ontem sete MPs foram aprovadas, nove ainda trancam a pauta.
A oposição, porém, prometia dificultar: PSDB e PFL inviabilizaram
ontem, por exemplo, a sessão da
comissão que analisa o Orçamento para 2005. Eles cobram do governo o cumprimento do compromisso de liberar pelo menos
30% do valor das emendas que fizeram ao Orçamento deste ano.
Durante a votação da MP, o deputado Babá (PA) disse que a MP
visava "blindar o corrupto" e que
o relator da MP fora "escolhido a
dedo" para a tarefa. O relator da
MP, Ricardo Fiúza (PP-PE), interrompeu Babá, dizendo que não
aceitaria "molecagem". "Molecagem de Vossa Excelência, corrupto!", rebateu Babá, aos gritos.
"Moleque e vagabundo, não brinque comigo", ameaçou Fiúza.
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