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DISPUTA DA COROA
Presidente diz, na Bahia, que antecessor é como ex-marido que deseja que a mulher não seja feliz com outro
Lula sugere que FHC torce contra o governo
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Sem citar o nome de Fernando
Henrique Cardoso, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um discurso ontem, em Salvador, para comparar o ex-presidente a um ex-marido que não
quer que a mulher seja feliz com
outro. Depois de citar o crescimento da economia, Lula atacou
FHC, que chamou o governo petista de "incompetente".
"Estamos numa fase boa", disse
Lula. "Quem acompanha a imprensa percebe que tem muita
gente que torceu para não dar certo, não falta neste país gente que
ficou torcendo [contra]. Sabe
aquele negócio de ex-marido que
não quer que a mulher seja feliz
com outro? Fica torcendo para
que o marido novo seja pior do
que ele", disse o presidente, durante a abertura do Fórum Mundial de Turismo para Paz e Desenvolvimento Sustentável, evento
que reúne 30 ministros ligados ao
turismo de todos os continentes.
Em seguida, Lula fez outra referência a FHC. "Pegamos o Brasil e
ele estava na UTI. Em 2003 foi um
trabalho imenso para levar o Brasil para a enfermaria. Quem já foi
internado sabe o avanço que é sair
de uma UTI para uma enfermaria. Quem nunca foi não tem noção, acha que é apenas mudar de
quarto. E, agora, já recebemos alta, já estamos na rua andando. Estamos de cabeça erguida, cantando a música do nosso Zeca Pagodinho "Deixa a vida me levar"."
No discurso, quase todo de improviso, Lula voltou a criticar indiretamente FHC ao dizer que na
sexta-feira vai assinar a ordem de
serviço para a duplicação de um
trecho da BR-101. "Só que essa ordem já foi dada no dia 26 de junho
de 98, mas, como era ano eleitoral,
não aconteceu nada." Na época,
Fernando Henrique Cardoso disputava a reeleição, e Lula era um
dos candidatos da oposição.
"Agora, vou ficar atento para ver
se a obra acontece."
Collor e reclamações
Mas não foi apenas FHC o alvo
das críticas de Lula ontem na capital baiana. Outro ex-presidente,
Fernando Collor, também foi citado. Depois de elogiar a política
de turismo do governo baiano,
Lula pediu que o governador Ronaldo Lessa (PSB-AL) divulgue as
"coisas boas de Alagoas".
"Lessa, vá divulgar as coisas
boas de Alagoas, só as coisas boas.
E não me venha falar do Collor",
disse. Atualmente sem mandato,
Collor derrotou Lula na primeira
vez em que o petista foi candidato
à Presidência, em 1989.
Depois de ressaltar o crescimento da economia, Lula pediu que as
pessoas parem de reclamar. "É
preciso que se pare de reclamar
como uma "madona chorona".
Precisamos nos contentar com alguma coisa." Apesar do otimismo, o presidente reconheceu que
ainda existe muita coisa para ser
feita no país. "Tem muita coisa
para fazer e isso é que nem dar dinheiro para filho. Quanto mais
você dá, mais eles querem, eles
são insaciáveis, insaciáveis."
Segundo o presidente, o Brasil
tem muitos problemas, "como todos os países da América Latina".
"Mas é preciso perseverança para
que possamos resolver todos os
problemas", declarou.
No final do seu discurso, dirigindo-se ao prefeito eleito de Salvador, João Henrique Carneiro
(PDT), Lula disse que ele não terá
tempo de falar mal do prefeito
Antonio Imbassahy (PFL), que
administrou a capital baiana nos
últimos oito anos. "O mandato é
tão curto que você vai ter de trabalhar que nem um louco para
poder cumprir o que acredita."
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