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É legítimo criticar, diz secretária de Patrus
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há uma semana no cargo, a secretária-executiva do Ministério
do Desenvolvimento Social, Márcia Helena Carvalho Lopes, disse
ontem, em entrevista à Folha,
considerar "legítimas" as críticas
feitas nesta semana ao governo
Lula pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, mas que é necessário responsabilidade.
Lopes assumiu o cargo interinamente no lugar de Ana Fonseca,
demitida em novembro pelo ministro Patrus Ananias por divergências internas. Assistente social, ela é vereadora licenciada pelo PT em Londrina (PR) e professora universitária.
(LUCIANA CONSTANTINO)
Folha - Como a sra. responde às
críticas do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso ao governo?
Márcia Helena Carvalho Lopes -
Diferentemente do que vem sendo afirmado, nós não interrompemos nenhum programa relevante do governo anterior. Entendemos que o que é bom para a sociedade o governo federal tem
obrigação não só de manter mas
também de ampliar.
Folha - As críticas feitas pelo ex-presidente são eleitoreiras?
Lopes - Acho que não tem prazo
para isso. O agente público, político, seja na esfera do Executivo ou
do Parlamento, vivencia o cotidiano de uma disputa de poder,
de visão político-ideológica, de
projeto de nação. É legítimo que
as críticas sejam feitas, mas é preciso, acima de tudo, muita responsabilidade e discernimento
daquilo que de fato ocorria do que
está ocorrendo hoje, não só o discurso mas a efetividade das ações.
Folha - Haverá mudanças na política social com as trocas de secretários no ministério?
Lopes - A política é a mesma que
o ministro Patrus Ananias vem
coordenando desde fevereiro. A
escolha dos secretários diz respeito ao cumprimento das metas. E
há convicção, muito tranqüila, de
que estamos cumprindo.
Folha - Com a sua formação em
assistência social, a sra. pretende
priorizar a sua área?
Lopes - Em nenhuma hipótese.
A atribuição da Secretaria Executiva é gerencial.
Folha - Qual a posição do ministério em relação a exigência de contrapartidas das famílias beneficiadas pelos programas de transferência de renda?
Lopes - Em nenhum momento,
desde que o ministro Patrus assumiu, tínhamos visão de que não
deveria haver condicionalidades
ou de que as famílias não deveriam se inserir em ações educativas, de saúde, de cultura. Nós temos um programa de grandes dimensões, com quase 30 milhões
de pessoas atingidas. Nem todos
os municípios têm sistema de organização e acompanhamento.
Folha - Haverá punição para as
famílias que não cumprirem as
contrapartidas?
Lopes - Não é intenção falar em
punição para as famílias. Nossa
perspectiva é sempre de inclusão
e cidadania. O que não concordamos é com o pensamento conservador de que as pessoas são acomodadas, não buscam melhorar a
qualidade de vida.
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