São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

É legítimo criticar, diz secretária de Patrus

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há uma semana no cargo, a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, Márcia Helena Carvalho Lopes, disse ontem, em entrevista à Folha, considerar "legítimas" as críticas feitas nesta semana ao governo Lula pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas que é necessário responsabilidade.
Lopes assumiu o cargo interinamente no lugar de Ana Fonseca, demitida em novembro pelo ministro Patrus Ananias por divergências internas. Assistente social, ela é vereadora licenciada pelo PT em Londrina (PR) e professora universitária.
(LUCIANA CONSTANTINO)
 

Folha - Como a sra. responde às críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo?
Márcia Helena Carvalho Lopes -
Diferentemente do que vem sendo afirmado, nós não interrompemos nenhum programa relevante do governo anterior. Entendemos que o que é bom para a sociedade o governo federal tem obrigação não só de manter mas também de ampliar.

Folha - As críticas feitas pelo ex-presidente são eleitoreiras?
Lopes -
Acho que não tem prazo para isso. O agente público, político, seja na esfera do Executivo ou do Parlamento, vivencia o cotidiano de uma disputa de poder, de visão político-ideológica, de projeto de nação. É legítimo que as críticas sejam feitas, mas é preciso, acima de tudo, muita responsabilidade e discernimento daquilo que de fato ocorria do que está ocorrendo hoje, não só o discurso mas a efetividade das ações.

Folha - Haverá mudanças na política social com as trocas de secretários no ministério?
Lopes -
A política é a mesma que o ministro Patrus Ananias vem coordenando desde fevereiro. A escolha dos secretários diz respeito ao cumprimento das metas. E há convicção, muito tranqüila, de que estamos cumprindo.

Folha - Com a sua formação em assistência social, a sra. pretende priorizar a sua área?
Lopes -
Em nenhuma hipótese. A atribuição da Secretaria Executiva é gerencial.

Folha - Qual a posição do ministério em relação a exigência de contrapartidas das famílias beneficiadas pelos programas de transferência de renda?
Lopes -
Em nenhum momento, desde que o ministro Patrus assumiu, tínhamos visão de que não deveria haver condicionalidades ou de que as famílias não deveriam se inserir em ações educativas, de saúde, de cultura. Nós temos um programa de grandes dimensões, com quase 30 milhões de pessoas atingidas. Nem todos os municípios têm sistema de organização e acompanhamento.

Folha - Haverá punição para as famílias que não cumprirem as contrapartidas?
Lopes -
Não é intenção falar em punição para as famílias. Nossa perspectiva é sempre de inclusão e cidadania. O que não concordamos é com o pensamento conservador de que as pessoas são acomodadas, não buscam melhorar a qualidade de vida.


Texto Anterior: Disputa da coroa: "Fiquei dois anos sem reagir", afirma FHC
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.