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HERANÇA MILITAR
Comissão aprova indenização às famílias de Iara Iavelberg, mulher de Lamarca, e Santos Dias da Silva
Livro vai relacionar vítimas da ditadura
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário especial de Direitos
Humanos da Presidência, Nilmário Miranda, disse ontem que o
governo vai elaborar até 2005 um
livro relacionando todas as pessoas mortas ou desaparecidas durante a ditadura militar (64-85).
Será a primeira vez que o Brasil
lista em um documento oficial todos os mortos, a exemplo do que
vem ocorrendo em outros países
da América do Sul. "O livro oficial
é uma deliberação nossa. Será o
relatório final da comissão especial. Se o Estado indenizou essas
famílias, será dado conhecimento
disso a toda a sociedade", disse.
A Comissão Especial de Mortos
e Desaparecidos foi criada em
1995 para conceder indenizações
a perseguidos políticos que morreram ou nunca foram encontrados. Ao todo, foram julgados 333
casos até ontem, havendo ainda
85 pedidos. Segundo o cronograma, será possível julgar todos os
restantes até abril de 2005, quando a comissão deixará de existir.
A idéia de Nilmário, aprovada
ontem pela comissão, é registrar
em livro os nomes e a história de
todas os casos (aprovados e negados) analisados pela comissão. Os
documentos obtidos ficarão guardados em uma espécie de Arquivo Nacional de Direitos Humanos, a ser criado em Brasília.
O principal material para o arquivo deverá ser fornecido pela
Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que mantém os relatórios
produzidos pelo extinto SNI (Serviço Nacional de Informações).
Segundo Nilmário, a agência se
comprometeu na semana passada a repassar informações sobre
os mortos e desaparecidos. A pesquisa para o livro será conduzida
por Iara Xavier, ex-militante da
ALN (Ação Libertadora Nacional), que representa as famílias na
comissão. Não foi definido o prazo final para a conclusão do livro.
A comissão aprovou ontem a
informatização de todos os processos, para que possam se tornar
públicos, a criação de um banco
de DNA de todos os desaparecidos e o reconhecimento de todas
as ossadas em poder da comissão.
Ontem, a comissão concedeu
indenização e reconheceu a responsabilidade do Estado nas
mortes de Iara Iavelberg, mulher
do capitão Carlos Lamarca, e do
operário Santos Dias da Silva,
morto em São Paulo por PMs em
1979. O valor das indenizações deve variar de R$ 100 mil a R$ 150
mil. Outros oito casos foram analisados, e três tiveram os pedidos
de indenização negados.
Com os julgamentos de ontem,
chega a 333 o total de casos analisados pela comissão. Restam 85
pedidos de indenização que devem ser julgados até abril de 2005.
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