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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO TUCANA
Papéis entregues por Nilton Monteiro apontam suposto caixa dois de R$ 91,5 milhões na campanha do tucano em 1998; senador nega
PF investiga dossiê de lobista contra Azeredo
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal vai investigar a
autenticidade de um conjunto de
papéis entregue em Brasília pelo
lobista mineiro Nilton Antônio
Monteiro, 48, que aponta um suposto caixa dois de R$ 91,5 milhões na campanha de 1998 para a
reeleição do então governador de
Minas, Eduardo Azeredo (PSDB).
A principal peça recebida na semana passada pelo delegado federal Luis Flávio Zampronha, que
investiga o escândalo dos Correios, são três páginas com rubricas e assinatura atribuídas ao ex-tesoureiro da campanha de Azeredo, Cláudio Mourão.
Os papéis apontam o que seriam a origem e o destino de cerca
de R$ 100 milhões que teriam sido
arrecadados para a campanha -
apenas R$ 8,5 milhões foram declarados ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). O dinheiro teria beneficiado, além da candidatura
majoritária tucana, pelo menos
124 candidatos a deputado dos
partidos PSDB, PSN, PMDB, PSD,
PFL, PRN, PTB, PSL, PSB, PDT,
PP, PSC, PL, PST, PMN e PT.
Azeredo afirmou ontem, em entrevista à Folha, que o valor de
R$ 100 milhões é "absurdo e fantasioso". O ex-tesoureiro Cláudio
Mourão, que já reconheceu
R$ 11,5 milhões de caixa dois na
campanha de Azeredo, disse que
Monteiro "fabrica documentos" e
negou a autenticidade dos últimos papéis entregues à PF.
Recibo
Monteiro também entregou ao
delegado Zampronha uma fotocópia de um suposto recibo assinado pelo senador e datado de
1998, no qual diz que R$ 4,5 milhões que chegaram à sua campanha pelas mãos de Mourão tiveram como origem as agências de
publicidade DNA e SMPB, de
Marcos Valério de Souza.
Se comprovada sua autenticidade, o recibo desmontaria a defesa
que Azeredo vem apresentando.
Ele tem atribuído toda a eventual
responsabilidade a Cláudio Mourão. Uma eventual perícia técnica
no documento a ser feita pela PF
poderá ficar comprometida, pois
não se trata de um original.
Monteiro cobra do PSDB um
suposto empréstimo de R$ 80 mil
que sua família teria feito ao partido em 1998. O lobista já havia
prestado três depoimentos ao Ministério Público do Rio de Janeiro
em julho último, quando também
narrou a prática de caixa dois na
campanha tucana mineira de 98.
O lobista também foi o autor,
em 2001, de acusações de supostas
irregularidades no governo do Estado do Espírito Santo, então sob
controle do PSDB.
As três páginas supostamente
produzidas por Mourão afirmam
que as agências de Marcos Valério
"movimentaram" R$ 53,8 milhões do total arrecadado para a
campanha. A origem, sempre segundo os papéis, foram empréstimos para empreiteiras com aval
do governo, fornecedores do Estado, "indústrias, bancos, corretoras de valores", órgãos públicos
e "doleiros e outros colaboradores individuais".
Segundo os papéis, oito órgãos
da administração indireta e um
da direta colaboraram com
R$ 12,6 milhões para o patrocínio
de um evento realizado pela
SMPB, o "Enduro da Independência", mas apenas "uma pequena parcela" teria sido gasta efetivamente com o evento. O grosso
dos recursos teria sido "repassado
à campanha por meio do Rural e
do Banco de Crédito Nacional".
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