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CPI DOS CORREIOS
Comissão desiste de votar relatório e pára de produzir documentos parciais
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da impossibilidade de
entendimento entre PT e PSDB, a
CPI dos Correios desistiu de votar
o relatório parcial sobre a movimentação financeira do publicitário Marcos Valério de Souza, no
qual era pedido seu indiciamento,
e o do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Sem a votação, o relatório parcial não pode ser encaminhado ao
Ministério Público, o que beneficia os acusados.
Informações presentes nesse relatório, elaborado pelo deputado
Gustavo Fruet (PSDB-MG), e em
um outro, que também não foi
votado, sobre a RPN (Rede Postal
Noturna) dos Correios, feito pelo
deputado José Eduardo Cardozo
(PT-SP), devem ser utilizadas pelo relator Osmar Serraglio
(PMDB-PR) em parecer a ser
apresentado até o próximo dia 15.
Recusa
Com exceção de um relatório da
sub-relatoria de fundos de pensão, a ser divulgado na próxima
terça-feira -mas que também
não será submetido à votação-,
a CPI decidiu não produzir mais
documentos parciais. "As sub-relatorias foram criadas para contribuir, e não para criar desencontros", afirmou Serraglio.
O PT recusou-se a aprovar o relatório de movimentação financeira na forma em que foi apresentado por considerá-lo tendencioso. Parlamentares petistas queriam a inclusão do caso do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no documento.
Azeredo admitiu a existência de
caixa dois em sua campanha à
reeleição ao governo de Minas,
em 1998, montado com a participação de Marcos Valério.
O PT chegou a elaborar um voto
em separado, no qual afirma que
os empréstimos bancários tomados por Valério e repassados ao
partido "não passavam de repetição de expediente já praticado"
pelo PSDB em Minas Gerais. O relatório parcial concluiu que os
empréstimos supostamente repassados ao PT foram uma "farsa" para encobrir a verdadeira
origem do dinheiro.
Fruet concordou em incluir
Azeredo e seu ex-tesoureiro Cláudio Mourão no documento desde
que também fossem acrescentadas citações ao ex-presidente do
PT José Genoino, ao marqueteiro
Duda Mendonça e ao tesoureiro
do PL Jacinto Lamas.
"É preocupante o malogro das
últimas CPIs: a do Banestado, do
Mensalão e a da Terra. Foram finais melancólicos e que devem
servir de alerta", advertiu o senador Jefferson Péres (PDT-AM),
para quem é necessário evitar
"conflitos maiores".
Na queda-de-braço entre PT e
PSDB, a CPI perdeu três sessões
administrativas, duas de apresentação dos relatórios -de movimentação financeira e da RPN-
e uma cancelada por falta de acordo, para qual estavam previstas as
votações desses documentos.
A comissão realiza uma sessão
administrativa por semana e as
outras duas são reservadas para
depoimentos.
Na de ontem, apesar de os relatórios não terem sido apreciados,
a CPI aprovou requerimentos como o de convocação de Roberto
Marques, amigo do deputado cassado José Dirceu (PT-SP).
Uma pessoa com esse nome foi
autorizada a sacar R$ 50 mil das
contas de Valério. Também foram quebrados os sigilos bancário, fiscal e telefônico da DTVM
(Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), subsidiária do
Banco do Brasil.
Na próxima terça-feira, o deputado Antônio Carlos Magalhães
Neto (PFL-BA) apresenta relatório sobre operações financeiras,
intermediadas por corretoras,
que teriam dado prejuízo a 14 fundos de pensão, principalmente
com títulos públicos e na BM&F
(Bolsa de Mercadorias e Futuros).
Essa seria uma das possíveis fontes do "mensalão".
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