São Paulo, sexta-feira, 02 de dezembro de 2005

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CPI DOS CORREIOS

Comissão desiste de votar relatório e pára de produzir documentos parciais

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da impossibilidade de entendimento entre PT e PSDB, a CPI dos Correios desistiu de votar o relatório parcial sobre a movimentação financeira do publicitário Marcos Valério de Souza, no qual era pedido seu indiciamento, e o do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Sem a votação, o relatório parcial não pode ser encaminhado ao Ministério Público, o que beneficia os acusados.
Informações presentes nesse relatório, elaborado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-MG), e em um outro, que também não foi votado, sobre a RPN (Rede Postal Noturna) dos Correios, feito pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), devem ser utilizadas pelo relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) em parecer a ser apresentado até o próximo dia 15.

Recusa
Com exceção de um relatório da sub-relatoria de fundos de pensão, a ser divulgado na próxima terça-feira -mas que também não será submetido à votação-, a CPI decidiu não produzir mais documentos parciais. "As sub-relatorias foram criadas para contribuir, e não para criar desencontros", afirmou Serraglio.
O PT recusou-se a aprovar o relatório de movimentação financeira na forma em que foi apresentado por considerá-lo tendencioso. Parlamentares petistas queriam a inclusão do caso do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no documento.
Azeredo admitiu a existência de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998, montado com a participação de Marcos Valério.
O PT chegou a elaborar um voto em separado, no qual afirma que os empréstimos bancários tomados por Valério e repassados ao partido "não passavam de repetição de expediente já praticado" pelo PSDB em Minas Gerais. O relatório parcial concluiu que os empréstimos supostamente repassados ao PT foram uma "farsa" para encobrir a verdadeira origem do dinheiro.
Fruet concordou em incluir Azeredo e seu ex-tesoureiro Cláudio Mourão no documento desde que também fossem acrescentadas citações ao ex-presidente do PT José Genoino, ao marqueteiro Duda Mendonça e ao tesoureiro do PL Jacinto Lamas.
"É preocupante o malogro das últimas CPIs: a do Banestado, do Mensalão e a da Terra. Foram finais melancólicos e que devem servir de alerta", advertiu o senador Jefferson Péres (PDT-AM), para quem é necessário evitar "conflitos maiores".
Na queda-de-braço entre PT e PSDB, a CPI perdeu três sessões administrativas, duas de apresentação dos relatórios -de movimentação financeira e da RPN- e uma cancelada por falta de acordo, para qual estavam previstas as votações desses documentos.
A comissão realiza uma sessão administrativa por semana e as outras duas são reservadas para depoimentos.
Na de ontem, apesar de os relatórios não terem sido apreciados, a CPI aprovou requerimentos como o de convocação de Roberto Marques, amigo do deputado cassado José Dirceu (PT-SP).
Uma pessoa com esse nome foi autorizada a sacar R$ 50 mil das contas de Valério. Também foram quebrados os sigilos bancário, fiscal e telefônico da DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), subsidiária do Banco do Brasil.
Na próxima terça-feira, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) apresenta relatório sobre operações financeiras, intermediadas por corretoras, que teriam dado prejuízo a 14 fundos de pensão, principalmente com títulos públicos e na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Essa seria uma das possíveis fontes do "mensalão".


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