São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Babel

Ao declarar que seu partido não deve buscar a presidência da Câmara em "vôo solo", o peemedebista Geddel Vieira Lima refletia uma série de conversas que teve com os petistas Arlindo Chinaglia, Jaques Wagner e Tarso Genro. O trio busca atraí-lo com a proposta de apoiar Chinaglia e receber um ministério, que viria com a bênção do governador eleito da Bahia.
As conversas vazaram. Correligionários de Geddel, como Jader Barbalho, mandaram avisar que não aceitam cargos -especialmente para os outros- em troca do direito que a bancada julga ser seu de indicar o presidente da Câmara. Este, por sua vez, está furioso com Tarso Genro. Aldo Rebelo (PC do B) quer um encontro com Lula logo no início da semana.

Renascidos 1. O Campo Majoritário do PT, que viu sua hegemonia abalada uma vez revelado o mensalão, tenta se recompor sob orientação de José Dirceu e de aliados da ex-prefeita Marta Suplicy. Na segunda, os integrantes do grupo se reúnem para selar a indicação de Chinaglia para a presidência da Câmara.

Renascidos 2. O grupo também já tem seu nome preferido para a disputa da liderança do partido na Câmara: Luiz Sergio (RJ), um dos mais aplicados defensores do ex-chefe da Casa Civil durante o processo de cassação.

Balcão. Em desvantagem em relação a PMDB, PSDB e PFL, o PT abriu discreta campanha de filiação de senadores. Está prestes a fechar a adesão de Augusto Botelho (PDT-RR) e negocia com outros três parlamentares.

Sob medida. Está pronto parecer da secretaria-geral do Senado segundo o qual valerá, para o cálculo da maior bancada da Casa, o critério defendido por Renan Calheiros (PMDB-AL): o retrato dos partidos no dia da eleição da Mesa, e não quando da diplomação de cada um dos senadores, como reivindica o PFL.

Ocupação. Sem mandato a partir de janeiro, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), foi destacado por Michel Temer para elaborar uma proposta de reforma tributária a ser entregue ao Planalto.

Vade retro. Em artigo no site do PT, o dirigente da sigla Valter Pomar diz que defender a não-interferência do Planalto na Radiobrás, como tem feito o presidente da estatal, Eugênio Bucci, é o mesmo que reivindicar a independência do Banco Central.

Equilibrista. Jorge Viana classifica como "erro" citar as licenças ambientais como entraves para o crescimento, como fez Lula, mas diz não ver crise entre a ministra do Meio Ambiente, sua conterrânea Marina Silva, e o presidente. "Eles vão sempre estar lado a lado. Já, já essa onda passa", diz o governador do Acre.

Malhação. Ciro Gomes, que voltou à velha forma ao torpedear a aliança Lula-PMDB, brincou que vai contratar "um personal trainer para controlar a língua".

Seletivo. Antes do bate-boca com Jutahy Jr. (BA) na Executiva do PSDB, Tasso Jereissati (CE) já havia dito que FHC e Aécio Neves são contra a adesão de tucanos a governos de partidos adversários. Jutahy fez que não ouviu essa parte da conversa.

Sovina. O PFL, que integrou a chapa de Geraldo Alckmin, foi modesto na doação de recursos ao tucano. O direção nacional colaborou com R$ 230,5 mil, menos que a média de gastos para uma campanha de deputado federal.

Superpasta. No projeto da equipe de transição de José Serra, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, pasta que ainda depende do aval do governador eleito para sair do papel, abrigaria as duas maiores empresas do governo paulistas: CDHU e Sabesp.

Tiroteio

"Pelo jeito, dentro de sua proposta de integração da América Latina, Lula exportou o mensalão para o companheiro Morales".
Do deputado EDUARDO SCIARRA (PFL-PR) sobre a aprovação do projeto de reforma agrária de Evo Morales pelo Congresso da Bolívia, com a mudança de voto inesperada de três senadores.

Contraponto

Mundo da Lua

Na reunião da Executiva do PSDB, quarta-feira, houve um momento em que os participantes se puseram a discutir por que seu candidato à Presidência obteve no segundo turno menos votos do que no primeiro. A maioria demonstrava perplexidade diante do fato, raríssimo em eleições, até que interveio o senador Eduardo Azeredo.
-Para mim é muito simples-, disse o mineiro, atraindo para si o olhar curioso dos demais.
-Ora, foram as pesquisas!-completou.
Diante da sugestão de que os institutos teriam distorcido seus resultados de modo a fermentar a perspectiva de vitória de Lula, os próprios tucanos acharam melhor não contrariar Azeredo. Simplesmente mudaram de assunto.


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