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Punição de torturador honra a biografia de Lula, diz ministro
Vannuchi afirma que anistia não beneficiou militares
THIAGO FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE
O ministro Paulo Vannuchi
(Direitos Humanos) voltou a
defender ontem a punição dos
torturadores da ditadura por
entender que a Lei de Anistia
não os beneficiaria. Para Vannuchi, essa defesa tem de ser
feita para honrar a biografia do
presidente Lula.
"Estou mexendo, vou continuar mexendo [...]. Ao fazê-lo,
estou observando também pela
sua própria biografia. O senhor
não pode terminar oito anos
[de mandato] sem ter uma solução para esse tema. Pode não
ser a ideal, pode não ser a desejada por todos nós, mas que seja
pelo menos uma solução", disse
Vannuchi, relatando conversa
que afirmou ter tido recentemente com o presidente.
O ministro ainda disse que
esta não é uma luta que trava
apenas ao lado do ministro Tarso Genro (Justiça). Ele diz ter
apoio de vários outros ministros, embora tenha preferido
não nomeá-los.
"É importante levarmos a
questão de forma mais "impessoalizada" possível. Temos que
trabalhar a idéia de dever de
Estado, dever do governo federal, dever do Judiciário. Não é
uma posição do Tarso e minha,
como na imprensa fica caracterizado", disse.
Tanto Vannuchi como Tarso
já expressaram publicamente a
vontade de rever a lei que concedeu anistia aos militares que
praticaram atos de tortura durante o regime militar.
Eles alegam que os atos cometidos não podem ser enquadrados como crimes políticos,
devendo ser julgados como crimes comuns. Para Vannuchi, a
tortura caracteriza-se como
crime contra a humanidade,
portanto, não se enquadraria
na Lei de Anistia.
Vannuchi participou ontem
de ato em favor da abertura dos
arquivos, na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Acesso público
Segundo o ministro, o lançamento do programa Memória
Viva do governo federal -que
dará acesso público aos arquivos do período militar (1964-1985) e estava previsto para
acontecer neste mês -ficará
para janeiro. O adiamento, disse ele, foi acertado com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
A orientação da ministra é
que, embora esteja tudo pronto
para que os arquivos possam
ser disponibilizados, a proximidade do fim do ano e o período
de recesso atrapalharia uma
maior divulgação do tema.
"Temos 17 Estados que já
aderiram colocar seus arquivos
sobre a repressão política em
conexão com arquivos da repressão política da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]",
afirmou Vannuchi.
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