São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Vespeiro

O corte de R$ 20 bi do Orçamento atingirá em cheio as pastas controladas por dois dos chamados "partidos do mensalão". Nas mãos do PP, o Ministério das Cidades, líder no recebimento de emendas, está contemplado com R$ 10,7 bi dos parlamentares. É seguido pelos Transportes, feudo do PR, que tem R$ 9,9 bi.
O governo já havia avisado que, com a queda da CPMF, os investimentos extra-PAC minguariam. "Mas deveriam ter chamado uma reunião do conselho político para discutir isso conosco antes do pacote", diz Mário Negromonte (BA), líder do PP na Câmara. Outra pasta que deve sofrer é a do Turismo, de Marta Suplicy, pré-candidata petista à prefeitura paulistana, que tem R$ 6,3 bi em emendas para 2008.

Fim da festa. Na mira do facão em 2008, Marta conseguiu empenhar 98% de toda a verba disponível em seu ministério no ano passado. No dia 31 de dezembro, obteve a liberação de R$ 4 mi para investimentos em turismo na cidade São Paulo, onde divide com o tucano Geraldo Alckmin a liderança nas pesquisas.

Coincidência. O anúncio do pacote de "maldades", a cargo da equipe econômica, foi feito com Dilma Rousseff -a portadora das "bondades" do governo- bem longe de Brasília. Ontem foi oficialmente o primeiro dia de férias da ministra da Casa Civil.

Sinais. Resposta da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), ao ser questionada ontem sobre o pacote de medidas que serão tomadas para compensar a queda do imposto do cheque: "Estou muda".

O mal amado. Parlamentares dão de ombros para a promessa do governo de preservar os investimentos em saúde. "Isso para nós não adianta nada. O ministro [José Gomes Temporão] sempre faz seu orçamento ignorando as nossas emendas", afirma um integrante da base aliada.

Fatura. O PMDB, que reivindicava o comando completo do setor elétrico, aceitou abrir mão de uma de suas jóias da coroa, a Eletrosul. Mas vai cobrar caro do Planalto. Pedirá a Lula, em troca, o cargo de secretário-executivo da pasta de Minas e Energia, ocupado atualmente pelo PT.

Arsenal 1. Entre os argumentos jurídicos com que o governo conta para manter a norma que possibilita a obtenção de dados bancários está a decisão do STF, de 1995, que assegurou acesso às informações em caso de movimentação de recursos públicos.

Arsenal 2. A decisão do STF atendeu a pedido do Ministério Público, que na época queria dados de contas de usineiros que obtiveram R$ 1,1 bi em empréstimos federais.

Férias frustradas. Autor de projeto que susta a norma de acesso aos dados bancários, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) sugeriu ao presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que a Comissão Representativa do Congresso seja convocada para a próxima quarta-feira.

Nem aí 1. O governo vai desafiar o entendimento do TSE segundo o qual está proibido, desde já, expandir programas sociais em razão do ano eleitoral. Na visão do Executivo, a legislação coíbe apenas a cessão de terrenos e a doação de cestas básicas.

Nem aí 2. O Ministério da Justiça diz que manterá as três bolsas do Pronasci: para líderes comunitários, jovens reservistas e ex-infratores. A previsão é beneficiar 135 mil pessoas em 2008. A pasta de Ciência e Tecnologia vai nessa toada: aumentará em 10% o número de bolsas científicas.

Menos mal. Um assalto à sede do PSTU, na madrugada de ontem, em São Paulo, deixou a sigla sem computadores. Mesmo assim dirigentes ficaram aliviados: o item mais caro do local, uma moderna impressora recém-adquirida, foi esquecido pelos ladrões.

Tiroteio

Os parlamentares não vão botar a própria cabeça na guilhotina.


Do deputado federal PAULO PEREIRA DA SILVA (PDT-SP) sobre a resistência que o governo deve enfrentar no Congresso ao seu plano de cortar emendas a fim de compensar as perdas com a queda da CPMF.

Contraponto

Pauta única

Um dos últimos a chegar a um evento do PT na Assembléia paulista, no mês passado, Eduardo Suplicy foi direto cumprimentar Ricardo Berzoini, que acabara de vencer o colega Jilmar Tatto na eleição pela presidência do PT.
-Senador, estão todos aqui querendo saber em quem o senhor votou-, afirmou Berzoini, com microfone na mão.
-Vocês querem saber? Votei no Jilmar-, disse Suplicy.
-A bronca com o nosso grupo é grande assim?-, cutucou o dirigente, do antigo Campo Majoritário da sigla.
Suplicy não surpreendeu, mas fez todo mundo rir:
-É muito simples: ele prometeu apoiar o meu projeto de renda básica de cidadania!


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