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Governo empenha 16% do total do ano em quatro dias
De 28 a 31 de dezembro, foram destinados mais R$ 5,3 bi a projetos de apelo eleitoral
Em relação a investimentos que foram efetivamente pagos, o governo Lula bateu o recorde da década: foram R$ 19,2 bilhões em 2007
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na virada do ano, o governo
aumentou em R$ 5,3 bilhões a
destinação de verbas federais
para programas de grande apelo eleitoral, como manutenção
de rodovias, urbanização de favelas e obras de saneamento.
Os valores lançados pelos ministérios entre sexta-feira, dia
28, e segunda-feira, 31 de dezembro, representam 16% de
tudo o que foi empenhado em
todo o ano. Os chamados empenhos, que somaram R$ 34 bilhões durante o ano, são uma
etapa que antecede os pagamentos dos investimentos. Ou
seja, são obras que ainda demoram a sair do papel.
Em relação aos investimentos efetivamente pagos, o governo Lula bateu recorde no
primeiro ano do segundo mandato. Considerados os investimentos dos anos anteriores já
corrigidos pela inflação, 2007
foi o melhor ano da década:
R$ 19,2 bilhões foram desembolsados com esse objetivo.
No entanto, a pressa em empenhar novos gastos no final do
ano impôs um outro recorde.
Como a maior parte das despesas autorizadas em 2007 ainda
não foi paga, o ano deixa um
saldo inédito de contas pendentes: quase R$ 31 bilhões.
Por um lado, esse valor permitirá ao governo manter os investimentos públicos nos próximos meses apesar da falta de
um Orçamento aprovado para
2008. Ao mesmo tempo, o volume recorde de contas pendentes em investimentos (chamados no jargão orçamentário de
"restos a pagar"), já criticado
pelo TCU (Tribunal de Contas
da União), comprometerá a
margem para novas obras.
No quadro geral dos investimentos, o Ministério dos
Transportes é a pasta que mais
desembolsou recursos públicos
e que mais assumiu compromissos de gastos com novas
obras. O programa de manutenção de rodovias federais é o
principal destaque, com R$ 3
bilhões de investimentos pagos
e R$ 2,4 bilhões de empenhos.
O Ministério das Cidades,
responsável pelas obras de urbanização de favelas e por parte
das obras de saneamento, aparece em segundo lugar. Esses
investimentos ganharam prioridade no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e
não são contabilizados nas metas fiscais do governo.
Os números registrados ontem no Siafi e pesquisados pela
ONG Contas Abertas referem-se a lançamentos feitos até 31
de dezembro. Correspondem a
um retrato preliminar do destino do dinheiro arrecadado pela
União em 2007 porque pequenos ajustes ainda devem ser feitos nos próximos dias.
Esses ajustes não ameaçam o
recorde em volume de dinheiro
gasto em investimentos. O desempenho em 2007 supera até
o último ano do governo Fernando Henrique Cardoso
(2002), quando foram investidos R$ 18,6 bilhões, segundo
números corrigidos pelo IGP-DI, calculado pela Fundação
Getúlio Vargas.
O valor dos investimentos
equivale à redução obtida no
pagamento de juros e encargos
da dívida pública. Entre 2006 e
2007, o governo reduziu essa
conta em R$ 17,9 bilhões. Ainda
assim, o pagamento de juros
consumiu R$ 140,6 bilhões,
mais de sete vezes os gastos
com investimentos.
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