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Tucanos paulistas já vivem nova divisão
Possibilidade de Alckmin se candidatar ao governo do Estado causa divisão no partido, a exemplo do que ocorreu em 2008
Grupos políticos alinhados ao prefeito de SP, Gilberto Kassab, não querem que o ex-governador seja o nome tucano para o Bandeirantes
CATIA SEABRA
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A 22 meses das eleições, a sucessão em São Paulo já é objeto
de discórdia entre os aliados do
governador e potencial candidato à Presidência, José Serra.
Enquanto um grupo defende o
lançamento de Geraldo Alckmin para o Palácio dos Bandeirantes, outra ala serrista - liderada pelo prefeito Gilberto
Kassab (DEM) - articula a candidatura do chefe da Casa Civil,
Aloysio Nunes Ferreira.
Saído das urnas com fama de
bom articulador político, Kassab terá a seu lado o presidente
estadual do PMDB, Orestes
Quércia. Amigo de Nunes Ferreira e alvo de ataques de Alckmin na disputa pela prefeitura,
Quércia engrossará o discurso
de que o chefe da Casa Civil é o
único capaz de atrair outras siglas e ocupar tempo expressivo
na propaganda eleitoral.
Além de Quércia, o presidente estadual do PTB, deputado
Campos Machado, é um dos cabos eleitorais de Nunes Ferreira no Estado. PV, PPS e PR estão na mira do grupo.
"O Aloysio é o candidato.
Precisamos de menos lombada
na estrada que a sociedade brasileira aponta para o Serra, que
é a Presidência. E o Aloysio oferece essas condições", pregou o
secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, desafeto
de Alckmin.
A ideia é usar esse potencial
de aglutinação partidária como
trunfo para convencer o próprio governador: unidos em
torno de Nunes Ferreira,
PMDB, PV e PTB estariam
mais próximos do palanque de
Serra pela Presidência. Ou ao
menos mais distantes do PT.
Disposto a assumir a negociação, Kassab admite até a
possibilidade de se licenciar da
prefeitura para se dedicar à tarefa de articulação política da
campanha de Serra em 2010.
Alckmin
Segundo tucanos, Serra assiste à movimentação. Mas tem
enviado a Alckmin sinais de
que sua candidatura está longe
de ser descartada. Após as eleições, contam, Serra telefonou
para Alckmin. Afirmou: "Estamos empatados. Perdemos, cada um, duas eleições para prefeito e uma para a Presidência.
Que agora seja só vitória".
Além disso, pelo menos três
interlocutores de Serra estiveram recentemente com Alckmin: o secretário estadual de
Gestão, Sidney Beraldo, o secretário municipal de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, e o
deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (BA).
De todos, Alckmin ouviu recomendações para que não desista de concorrer.
Em retribuição, Alckmin tem
dito a tucanos que não pretende ser candidato à revelia de
Serra. Nem obstáculo à sua
candidatura à Presidência.
Numa demonstração de boa
vontade, sugeriu até que a Executiva do PSDB estadual - hoje
sob o comando de serristas -
seja integralmente mantida.
Nada de disputa interna.
"Precisamos construir a unidade", endossa o deputado federal Edson Aparecido.
Líder nas pesquisas, Alckmin
- que enviou uma carta para os
vereadores do partido após a
eleição - tem afirmado que
pretende consolidar sua popularidade. Para, daí, ser escolhido pelo partido.
Entre os serristas que defendem sua candidatura, vinga a
tese de que Serra precisa de um
palanque sólido em São Paulo
- onde contaria com confortável liderança - para poder viajar para outros Estados.
É por isso que Nunes Ferreira tem, pela frente, o desafio de
se viabilizar. Além da pouca visibilidade, ele não conta ainda
com o apoio das chamadas bases do PSDB.
No partido, sua candidatura
tem o apoio do presidente da
Assembleia Legislativa, Vaz de
Lima, e com o líder do Governo
na Casa, Barros Munhoz.
O grupo também tenta conquistar a adesão do vice-governador Alberto Goldman, com
quem Alckmin teve uma ríspida conversa na disputa pela
prefeitura. Nunes Ferreira precisa ainda conquistar a militância do partido.
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