São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Tucanos paulistas já vivem nova divisão

Possibilidade de Alckmin se candidatar ao governo do Estado causa divisão no partido, a exemplo do que ocorreu em 2008

Grupos políticos alinhados ao prefeito de SP, Gilberto Kassab, não querem que o ex-governador seja o nome tucano para o Bandeirantes

CATIA SEABRA
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A 22 meses das eleições, a sucessão em São Paulo já é objeto de discórdia entre os aliados do governador e potencial candidato à Presidência, José Serra. Enquanto um grupo defende o lançamento de Geraldo Alckmin para o Palácio dos Bandeirantes, outra ala serrista - liderada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) - articula a candidatura do chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira.
Saído das urnas com fama de bom articulador político, Kassab terá a seu lado o presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia. Amigo de Nunes Ferreira e alvo de ataques de Alckmin na disputa pela prefeitura, Quércia engrossará o discurso de que o chefe da Casa Civil é o único capaz de atrair outras siglas e ocupar tempo expressivo na propaganda eleitoral.
Além de Quércia, o presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, é um dos cabos eleitorais de Nunes Ferreira no Estado. PV, PPS e PR estão na mira do grupo.
"O Aloysio é o candidato. Precisamos de menos lombada na estrada que a sociedade brasileira aponta para o Serra, que é a Presidência. E o Aloysio oferece essas condições", pregou o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, desafeto de Alckmin.
A ideia é usar esse potencial de aglutinação partidária como trunfo para convencer o próprio governador: unidos em torno de Nunes Ferreira, PMDB, PV e PTB estariam mais próximos do palanque de Serra pela Presidência. Ou ao menos mais distantes do PT.
Disposto a assumir a negociação, Kassab admite até a possibilidade de se licenciar da prefeitura para se dedicar à tarefa de articulação política da campanha de Serra em 2010.

Alckmin
Segundo tucanos, Serra assiste à movimentação. Mas tem enviado a Alckmin sinais de que sua candidatura está longe de ser descartada. Após as eleições, contam, Serra telefonou para Alckmin. Afirmou: "Estamos empatados. Perdemos, cada um, duas eleições para prefeito e uma para a Presidência. Que agora seja só vitória".
Além disso, pelo menos três interlocutores de Serra estiveram recentemente com Alckmin: o secretário estadual de Gestão, Sidney Beraldo, o secretário municipal de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, e o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (BA).
De todos, Alckmin ouviu recomendações para que não desista de concorrer.
Em retribuição, Alckmin tem dito a tucanos que não pretende ser candidato à revelia de Serra. Nem obstáculo à sua candidatura à Presidência.
Numa demonstração de boa vontade, sugeriu até que a Executiva do PSDB estadual - hoje sob o comando de serristas - seja integralmente mantida. Nada de disputa interna.
"Precisamos construir a unidade", endossa o deputado federal Edson Aparecido.
Líder nas pesquisas, Alckmin - que enviou uma carta para os vereadores do partido após a eleição - tem afirmado que pretende consolidar sua popularidade. Para, daí, ser escolhido pelo partido.
Entre os serristas que defendem sua candidatura, vinga a tese de que Serra precisa de um palanque sólido em São Paulo - onde contaria com confortável liderança - para poder viajar para outros Estados.
É por isso que Nunes Ferreira tem, pela frente, o desafio de se viabilizar. Além da pouca visibilidade, ele não conta ainda com o apoio das chamadas bases do PSDB.
No partido, sua candidatura tem o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, Vaz de Lima, e com o líder do Governo na Casa, Barros Munhoz.
O grupo também tenta conquistar a adesão do vice-governador Alberto Goldman, com quem Alckmin teve uma ríspida conversa na disputa pela prefeitura. Nunes Ferreira precisa ainda conquistar a militância do partido.


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